Entre a missão e os prejuízos, Correio do Povo viveu as duas faces da tragédia em 2024
Celebrações dos 129 anos do jornal, comemorados neste 1º de outubro, ocorrem em meio às marcas da inundação que assolou o Rio Grande do Sul neste ano
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Em 2024, o Rio Grande do Sul viveu aquele que talvez tenha se tornado o seu maior desafio: conviver com o drama de uma enchente sem precedentes e ainda o desafio de superá-la para tocar um processo de reconstrução até então impensável. O Correio do Povo, enquanto promovia uma cobertura especial de uma das maiores tragédias da história do Estado, sofria drasticamente com os efeitos dela.
O icônico edifício Hudson, no Centro Histórico, foi invadido pelas águas do Guaíba. O primeiro andar da edificação foi assolado pela enchente, assim como todos os imóveis localizados na mancha de inundação, entre eles, o parque gráfico do CP, no Quarto Distrito da Capital. Além disso, a inundação também atingiu diretamente muitos colaboradores, seja em seus lares como em momentos de trabalho.
“Em campo”, a cobertura complexa da enchente ficou marcada pelos desafios enfrentados pelos colaboradores. Profissionais espalhados pelas regiões mais atingidas enfrentaram dificuldades logísticas no ápice da tragédia. Equipes ilhadas no Vale do Taquari e em Eldorado do Sul. Um jornal inteiro feito com o edifício Hudson evacuado.
Ao mesmo tempo que noticiava fatos, sofria com as consequências da cheia. Membros da equipe do jornal tiveram suas casas atingidas pela cheia e a redação, assim como ocorreu durante a pandemia de Covid-19, se espalhou em vários pontos do RS. Até hoje existem desafios a serem superados, como a necessidade de transportar a edição de barco para Rodeio Bonito e Novo Tiradentes, no Norte do RS, por conta da queda de pontes para as cidades.
A última edição impressa do jornal antes da enchente foi no dia 3 de maio, data em que a inundação começou a atingir a Capital. A capa, com a chamada icônica “Dilúvio”, mostrava novamente o Vale do Taquari sofrendo com a cheia do rio que dá nome à região, com destaque para a ponte que liga Lajeado à vizinha Estrela. Após, com o parque gráfico inundado e todas as dificuldades logísticas e técnicas que a cheia trouxe, o jornal produziu 16 edições exclusivamente digitais e com acesso gratuito à população.
Apesar de todos os desafios, a informação com credibilidade seguiu como principal mote de quem participou direta ou indiretamente na cobertura da enchente, assim como a missão do CP desde 1 de outubro de 1895. Um exemplo é a equipe formada pelo repórter Cristiano Abreu, pelo repórter fotográfico Ricardo Giusti e pelo motorista Alexandre Soares, que rumaram à região Central do RS ainda no final de abril e só conseguiram retornar à Capital quase 10 dias depois.
Após passar alguns dias em Santa Maria para uma visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao “Coração do Estado”, a equipe rumou em direção à Eldorado do Sul e Guaíba, acompanhando as ações de resgate na região. Sem acesso por terra a Porto Alegre, com dificuldade no abastecimento de alimentos e combustível, a equipe só conseguiu voltar para casa depois de conseguir uma carona com um helicóptero que atuava na região.
“Via de regra, a cobertura jornalística exige um distanciamento emocional de quem se propõe a contar uma história; não cabe, portanto, a visão pessoal do narrador, sob pena de transformar o reporte do fato em coluna de opinião ou editorial. Porém, tão extraordinária quanto impensada, a enchente de maio suplantou os manuais de redação ou qualquer outra convenção profissional. Somos humanos, muitos de nós tivemos até mesmo os próprios lares impactados. A distância de casa, as histórias presenciadas e a preocupação com a vida dos que nos são caros foram desafios extras à mente. A incerteza foi companheira. Aqueles dias na estrada jamais serão esquecidos e talvez nunca igualados”, afirmou Abreu.
A operação de retomada da edição impressa ocorreu exatos 16 dias depois que o Guaíba exigiu a evacuação da redação, na rua Caldas Júnior. A cobertura durante todo o período de crise ocorreu com foco no acesso total do site aberto para não assinantes. Além disso, as equipes mobilizadas seguiram atuando em diferentes cidades atingidas, mesmo com as dificuldades impostas pela catástrofe.
Todo o comprometimento em manter um trabalho de qualidade, principalmente no meio digital, refletiu também na audiência e no engajamento do site do CP e nas redes sociais do jornal. No Facebook, a cobertura da enchente em maio resultou em um alcance de 3,7 milhões de perfis. Já no Instagram, o alcance foi de 3,3 milhões de contas, o que refletiu também no aumento de mais de 40 mil seguidores no período. No TikTok, uma das redes que mais cresce no mundo, os números também foram consideráveis, com alcance de 190 mil contas e cerca de 250 mil visualizações em vídeos publicados.
Além disso, entre os dias 27 de abril – quando áreas como o Vale do Taquari e região Central do RS começaram a sofrer com as chuvas – até o dia 7 de junho, o site do CP registrou 15,150 milhões de acessos, sendo as “Chuvas no RS” o principal tópico que gerou tráfego para o portal. O período de pico foi registrado entre os dias 2 e 5 de maio, quando a enchente chegou na Região Metropolitana. No período, o site registrou uma média de mais de 750 mil acessos por dia, com destaque para o dia 4 de maio, com quase 790 mil acessos.
A cobertura árdua e intensa da enchente, com atualizações contínuas sobre o impacto da crise, riscos, resgates e interrupções de serviços, embasadas na credibilidade e no pensamento independente, foi um dos fatores que contribuíram para o aumento na audiência no período. Desta forma, o site do CP serviu como uma das principais fontes de informação sobre o tema no RS, auxiliando a população com conteúdo de relevância.
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