Falta de subsídio pode encerrar nossas atividades, diz presidente da associação de lotações de Porto Alegre

Falta de subsídio pode encerrar nossas atividades, diz presidente da associação de lotações de Porto Alegre

Reajuste da tarifa da lotação é atrelado ao valor da passagem dos ônibus, que foi mantido em R$ 4,80 pela Prefeitura em 2024

Rodrigo Thiel

No momento, após a prefeitura manter a passagem de ônibus em R$ 4,80, lotações e taxistas não vão reajustar suas tarifas

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A manutenção do valor da tarifa do transporte coletivo de Porto Alegre em R$ 4,80, anunciada pela prefeitura na última semana, reflete nas relações de todo o transporte público da capital. Um exemplo disso está na situação do transporte seletivo, as populares lotações. De acordo com a Associação do Transporte por Lotações (ATL), não haverá alterações no preço das passagens para este ano. Atualmente, o valor da tarifa das lotações em Porto Alegre está em R$ 8,00, com o último reajuste datado de 2022.

Conforme o presidente da ATL, Magno Isse, o principal impasse para a categoria, que pode inclusive refletir no encerramento das atividades, é a falta de subsídio para a atividade. “A nossa situação está extremamente difícil. Estamos tratando junto com a prefeitura e com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) para achar uma solução. Do jeito que está não tem como continuar. A não concessão do subsídio pode encerrar as nossas atividades. Nosso sistema usa o mesmo óleo diesel, quase o mesmo tipo de veículo, que é tão caro quanto os ônibus para manter, e apenas um ser subsidiado”, lamentou.

Anteriormente, a tarifa da ATL era atrelada ao do reajuste no transporte coletivo. Apesar de não estarem mais ligadas, Isse acredita ainda que aumentar o valor da passagem das lotações não resolverá a situação do sistema, fazendo com que mais clientes acabem aderindo aos ônibus. A questão do subsídio vem sendo tratada através de uma Câmara de Mediação especializada em transporte público no Tribunal de Justiça.

“O nosso entendimento é de que o subsídio é essencial para a sobrevivência do sistema. Isso está respaldado por pareceres de especialistas na área. A necessidade de subsídio é tanta que aproximadamente 200 veículos já deixaram de operar. A EPTC realizou um estudo que demonstra os prejuízos, mas até hoje não apresentou estes resultados na câmara de mediação”, completou.

Procurada, a EPTC ressaltou que o transporte seletivo é um serviço essencial, com total independência para operar e que, por ser um modelo diferente do transporte coletivo, “não é possível o subsídio do governo”. Em nota, a empresa pública ainda destacou que o governo tem dialogado com a categoria para melhorar o sistema. “Uma das medidas adotadas foi a isenção do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) ao transporte seletivo por lotação pelo período de dois anos. Até 2022, os prestadores desse serviço pagavam uma alíquota de 2,5%”.

Taxistas também não vão aumentar valor da tarifa

Além da ATL, os taxistas de Porto Alegre não vão reajustar a tarifa neste momento. Diferentemente das lotações, o valor das corridas de táxi não estão vinculadas ao preço da passagem de ônibus. Entretanto, o último reajuste da categoria ocorreu em outubro de 2023, depois de quase sete anos sem aumentar o valor da tarifa. Segundo o presidente do Sindicato dos Taxistas (Sintaxi), Luiz Nozari, a categoria ficou este período todo sem reajuste devido ao ingresso dos motoristas de aplicativo no mercado e por conta da pandemia.

No ano passado, depois de propor aumento de 30%, a categoria negociou com a prefeitura um reajuste de 20,7%, que está em vigor desde o dia 10 de outubro de 2023. Atualmente, o valor da bandeirada é de R$ 6,26. Durante a semana, das 6h01 às 19h59, o quilômetro rodado é de R$ 3,13. Já das 20h às 6h, além de sábados depois das 15h e aos domingos e feriados, o valor do quilômetro é de R$ 4,06. “Em outubro, zeramos a planilha. Agora, só haverá reajuste depois de 12 meses a contar do último”, finalizou Nozari.

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