Família da Giovanna voltou para casa, mas a batalha ainda está longe de terminar

Família da Giovanna voltou para casa, mas a batalha ainda está longe de terminar

Menina terá que esperar mais um pouco até que a reforma do telhado possa ser realizada

Cristiano Abreu

Deise mostra o material doado para a reforma do telhado

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Após dois meses, a família da Giovanna Rodrigues, 8 anos, voltou para casa. Apesar do longo período desde o dia que foram forçados a sair às pressas para escapar da água, a reforma do imóvel está apenas no começo.

Mesmo sem ter consertado os estragos, a Deise Santos Rodrigues, 52 anos, mãe da menina, retornou para a propriedade, na rua 21 de Abril, bairro Sarandi, zona Norte de Porto Alegre. Foi uma escolha difícil, porém necessária, por segurança e pelo bem-estar da Giovanna.

“A Gio precisa de rotina. Do espaço dela. Nestes dois meses ela foi muito bem acolhida, primeiro pela família da minha patroa e depois na casa da minha irmã, mas as necessidades dela são diferentes”, contou a mãe.

A garota nasceu prematura e logo diagnosticada com Síndrome de West, que ocasiona constantes crises epilépticas. Aos 15 dias de vida, foi acometida por meningite bacteriana, que acarretou uma hidrocefalia; por consequência, tem o lado direito do corpo imobilizado. As sequelas são permanentes; além de não andar e falar, Giovanna apresenta atraso global do desenvolvimento e recentemente demonstrou características que se enquadram no espectro autista.

Deise é pedagoga, mas trabalha como diarista para dedicar tempo à Giovanna | Foto: Mauro Schaefer

Neste sábado, a família Rodrigues tentava se reorganizar no imóvel, até que a reforma possa ser concluída. Elétrica e hidráulica foram reparadas, mas portas, janelas e forro, por exemplo, ainda precisam ser substituídos. A prioridade é a troca do telhado, que estava prevista para começar hoje; telhas e madeira foram doadas, contudo, o mutirão de amigos que realizaria o trabalho foi cancelado.

A arquiteta Tatiana Freitas, vizinha e amiga da Deise, realiza trabalho voluntário de avaliação dos imóveis no bairro atingidos pela inundação. A profissional esteve na casa da Giovanna e constatou problemas estruturais que precisam ser solucionados antes da troca da cobertura.

“As paredes ainda estão muito úmidas, o que enfraquece a alvenaria. Como as telhas e o madeiramento são mais robustos e pesados que o anterior, há risco de a estrutura não suportar. Será necessário esperar ainda um ou dois meses”, compreende a especialista.

Mais que obras, ainda falta o básico. Por meio de doações, móveis, roupas, eletrodomésticos e utensílios de cozinha foram readquiridos, porém é apenas o começo para que a vida siga daqui por diante parecida com a que as duas tinham antes da tragédia.

“É um dia especial, do nosso retorno, mas esperávamos ao menos o telhado novo, pois o velho tem goteiras. Estamos aqui e vamos ficar, do jeito que der e esperar, para que a Giovanna consiga se readaptar”, completa a mãe.

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