Famílias atingidas pelo ciclone protestam e cobram ações do poder público em Esteio

Famílias atingidas pelo ciclone protestam e cobram ações do poder público em Esteio

Moradores afirmam que problemas com inundações são antigos na cidade

Fernanda Bassôa

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Moradores de Esteio que tiveram suas casas atingidas pela inundação provocada pelo extravasamento dos arroios Esteio e Sapucaia, em junho, causado pelo grande volume de chuva e pela passagem do ciclone extratropical entre os dias 15 e 16, lotaram o plenário da Câmara de Vereadores, com faixas e cartazes. Eles protestaram contra o que consideram omissão, descaso do poder público e falta de vontade política ações de enfrentamento às cheias que atingem diretamente as famílias dos bairros Navegantes, Ezequiel, São José e São Sebastião.

Na mesma sessão, que teve clima tenso, os vereadores Marcelo Kohlrausch e Fernando Luz apresentaram requerimentos relacionados às obras de bacias de contenção, cujos estudos foram realizados, mas nunca saíram efetivamente do papel. As obras são alternativas para conter os alagamentos na região.  

Morador do bairro São Sebastião, o empresário Max Dias, que tinha uma empresa de copos e brindes, perdeu toda a mercadoria com a invasão da água em seu estabelecimento. “Ações de manutenção e prevenção, deveriam ser feitas desde 2017. Porque só agora, depois que as famílias perderam tudo, é que estão fazendo a limpeza dos arroios?”, indagou.

Max, escolhido como porta voz dos atingidos, usou a tribuna e pediu uma atitude mais enérgica dos vereadores, respostas efetivas e prazos, além de respeito e empatia. “É perturbador conviver com esta situação. E nossas contas de água, luz, esgoto e IPTU? Tivemos gastos e perdas incalculáveis. De 2015 para cá, quando teve a última grande enchente, nenhuma obra `macro´ foi feita a fim de evitar o pior. Queremos dormir seguros e tranquilos. Viver sem medo. Queremos obras eficazes e solução".

Max fez críticas às visitas dos servidores da prefeitura, e da morosidade do processo, para que as famílias venham a receber o benefício de R$ 1 mil. “Até lá, as moradias já terão sido restauradas com ajuda, não do poder público, mas do próprio povo. Essa demora também foi percebida na noite da tragédia quando os vizinhos foram salvos pelos próprios vizinhos porque nenhum agente da Prefeitura foi até o bairro nos prestar auxílio ou nos resgatar. Ninguém". 

Ainda, na presença dos moradores, bastante exaltados, o vereador Fernando Luz apresentou requerimento solicitando o encaminhamento de ofício para Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano cobrando a construção de macro bacias de contenção. Segundo ele, um dos estudos foi feito pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que sugere a construção de uma bacia de contenção de 39 hectares em uma área de Canoas, no entorno da Refinaria Alberto Pasqualini, e mais seis bacias ao longo do arroio Guajuviras, com capacidade de armazenar um volume de água de 1,3 milhão de metros cúbicos.  

Força-tarefa

Da mesma forma, o vereador Marcelo Kohlrausch, requereu envio de ofício ao Governo do Estado solicitando a criação de uma força-tarefa para colocar em prática as etapas necessárias para execução das obras, conforme os apontamentos da Metroplan, detalhadas nos estudos desenvolvidos para o sistema de proteção de enchentes da Região Metropolitana.

A justificativa, segundo ele, é que recentemente o governo anunciou novos estudos. “Precisamos urgentemente de obra efetiva, uma vez que a população não aguenta mais conviver com as enchentes. Esteio acaba sendo a bacia de contenção dos outros municípios porque recebe água que desce de Canoas, Sapucaia, Gravataí e Cachoeirinha. Os estudos foram feitos, concluídos e a bacia de contenção que era pra ser feita em Canoas, nunca saiu do papel. Além de um dique auxiliar, ainda há a sugestão de duas casas de bombas. Essa obra iria minimizar os efeitos da enchente de forma significativa.

De acordo com a prefeitura de Esteio, 6.507 moradores foram atingidos pelas cheias dos arroios Esteio e Sapucaia, no ciclone de junho. Além disso, a administração informou que conta com um programa permanente de limpeza e desassoreamento de arroios, bem como hidrojateamento de redes de microdrenagem, implementado desde janeiro de 2017.

Periodicamente, todos os arroios recebem manutenção a fim de evitar alagamentos. Esclareceu ainda que “trabalhou de maneira ininterrupta na madrugada de 15 para 16 de junho, com equipes atuando no atendimento, resgate e abrigamento de famílias atingidas pelo ciclone extratropical.       


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895