Gabinete de Crise segue trabalho de reconstrução em cidades do Litoral Norte

Gabinete de Crise segue trabalho de reconstrução em cidades do Litoral Norte

Região foi uma das mais afetadas pelo ciclone extratropical

Felipe Faleiro

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Continua a atuação do gabinete de crise no Litoral Norte, a fim de recuperar os municípios mais afetados pelo ciclone extratropical que deixou, até a tarde desta terça-feira, 16 mortos no Rio Grande do Sul. Em Maquiné, o batalhão disse que não recebeu mais pedidos de ajuda, porém ainda havia comunidades ilhadas pela chuva do último final de semana.

Na localidade de Pedras Brancas, uma médica e uma enfermeira foram deslocadas à tarde para levar insulina a pacientes diabéticos. As histórias das pessoas que tiveram suas residências e bens destruídos pela força da água impressionam. Por onde se olha, árvores estão no chão, paredes viraram escombros e edifícios inteiros foram varridos do mapa. No pátio da residência do professor Luis Cardoso, no Rio dos Sinos, onde ele mora com a esposa e dois filhos, nada sobrou. 

Chamava a atenção nesta terça-feira um automóvel estacionado no pátio, com os vidros quebrados e tomado pela lama. Segundo Cardoso, ele foi arrastado por um quilômetro pelo campo até parar capotado. Foram necessárias duas horas e dez pessoas para o resgate. A chuva foi na quinta-feira, e até sábado, o carro ainda não havia sido localizado. No domingo, um grupo de jipeiros de Gravataí ajudou na retirada do veículo do local.

Na casa, a água subiu até a altura de 1,70 metro, afirma ele. “Vimos tudo sendo levado, carro, eletrodomésticos, passou muito rápido”, disse o professor. “Tínhamos primeiramente ido para a casa da vizinha, mas lá a água subiu também e fomos na direção do morro. Vimos nosso outro vizinho pedir socorro”, conta. O que pediu auxílio por último era Airton Pinto Pereira, o Ito, cujo corpo foi encontrado na segunda-feira.
 
Ele era proprietário de um camping, e em sua propriedade havia um salão de 100 metros quadrados, do qual sobrou apenas o piso. Não distante dali, da casa do agricultor Silmar Mras, em Vila Nova, sobrou somente o banheiro de alvenaria. “Morava aqui há uns seis meses, e havia investido cerca de R$ 30 mil. Agora é questão de recomeçar”, afirmou ele. De acordo com o prefeito Magdiel Silva, não há mais necessidades de roupas para a população da cidade, mas itens como produtos de limpeza seguem necessários.

Hoje, ele se reúne com o Exército para verificar a instalação de pontes pré-moldadas móveis no município. Já há mais dois acessos liberados pela Prefeitura de Caraá, além da entrada via Morro da Borrússia, em Osório. Nesta terça, a Administração, junto com Santo Antônio da Patrulha, desbloqueou a entrada via Arroio do Carvalho, que passa no pórtico de Caraá. Por ser um pontilhão improvisado, porém, somente podem passar veículos de até cinco toneladas. O outro foi liberado na segunda-feira, via Passo da Forquilha. As demais entradas seguem sem previsão de liberação.

Em Osório, a Prefeitura começou a trabalhar na reconstrução de acessos no distrito da Borússia, bairros Laranjeiras e Aguapés. “Acompanhado das equipes das secretarias estive nos locais mais afetados do nosso município, providenciando os primeiros reparos, zelando e garantindo o acesso dos cidadãos às suas propriedades, às empresas e aos bairros”, disse o prefeito Roger Caputi.

No quilômetro 3 da ERS-474, em Santo Antônio da Patrulha, onde uma ponte caiu devido ao ciclone, engolindo um veículo, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) definiu no final de semana ações para reconstruí-la. “Determinei que a EGR deve concentrar as suas ações na elaboração do projeto e na contratação de empresas para a execução da obra”, salientou o diretor-presidente da estatal, Luiz Fernando Záchia.

Ele vistoriou nesta semana a estrutura danificada juntamente com o vice-governador, Gabriel Souza. A EGR está construindo um desvio provisório na rodovia para amenizar a trafegabilidade dos motoristas, que deve ficar pronta em cerca de uma semana, e a ponte terá de ser refeita. Por enquanto, dos quilômetros 1 a 6, o acesso é somente local.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895