Gabinete de Crise segue trabalho de reconstrução em cidades do Litoral Norte
Região foi uma das mais afetadas pelo ciclone extratropical
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Continua a atuação do gabinete de crise no Litoral Norte, a fim de recuperar os municípios mais afetados pelo ciclone extratropical que deixou, até a tarde desta terça-feira, 16 mortos no Rio Grande do Sul. Em Maquiné, o batalhão disse que não recebeu mais pedidos de ajuda, porém ainda havia comunidades ilhadas pela chuva do último final de semana.
Na localidade de Pedras Brancas, uma médica e uma enfermeira foram deslocadas à tarde para levar insulina a pacientes diabéticos. As histórias das pessoas que tiveram suas residências e bens destruídos pela força da água impressionam. Por onde se olha, árvores estão no chão, paredes viraram escombros e edifícios inteiros foram varridos do mapa. No pátio da residência do professor Luis Cardoso, no Rio dos Sinos, onde ele mora com a esposa e dois filhos, nada sobrou.
Chamava a atenção nesta terça-feira um automóvel estacionado no pátio, com os vidros quebrados e tomado pela lama. Segundo Cardoso, ele foi arrastado por um quilômetro pelo campo até parar capotado. Foram necessárias duas horas e dez pessoas para o resgate. A chuva foi na quinta-feira, e até sábado, o carro ainda não havia sido localizado. No domingo, um grupo de jipeiros de Gravataí ajudou na retirada do veículo do local.
Na casa, a água subiu até a altura de 1,70 metro, afirma ele. “Vimos tudo sendo levado, carro, eletrodomésticos, passou muito rápido”, disse o professor. “Tínhamos primeiramente ido para a casa da vizinha, mas lá a água subiu também e fomos na direção do morro. Vimos nosso outro vizinho pedir socorro”, conta. O que pediu auxílio por último era Airton Pinto Pereira, o Ito, cujo corpo foi encontrado na segunda-feira.
Ele era proprietário de um camping, e em sua propriedade havia um salão de 100 metros quadrados, do qual sobrou apenas o piso. Não distante dali, da casa do agricultor Silmar Mras, em Vila Nova, sobrou somente o banheiro de alvenaria. “Morava aqui há uns seis meses, e havia investido cerca de R$ 30 mil. Agora é questão de recomeçar”, afirmou ele. De acordo com o prefeito Magdiel Silva, não há mais necessidades de roupas para a população da cidade, mas itens como produtos de limpeza seguem necessários.
Hoje, ele se reúne com o Exército para verificar a instalação de pontes pré-moldadas móveis no município. Já há mais dois acessos liberados pela Prefeitura de Caraá, além da entrada via Morro da Borrússia, em Osório. Nesta terça, a Administração, junto com Santo Antônio da Patrulha, desbloqueou a entrada via Arroio do Carvalho, que passa no pórtico de Caraá. Por ser um pontilhão improvisado, porém, somente podem passar veículos de até cinco toneladas. O outro foi liberado na segunda-feira, via Passo da Forquilha. As demais entradas seguem sem previsão de liberação.
Em Osório, a Prefeitura começou a trabalhar na reconstrução de acessos no distrito da Borússia, bairros Laranjeiras e Aguapés. “Acompanhado das equipes das secretarias estive nos locais mais afetados do nosso município, providenciando os primeiros reparos, zelando e garantindo o acesso dos cidadãos às suas propriedades, às empresas e aos bairros”, disse o prefeito Roger Caputi.
No quilômetro 3 da ERS-474, em Santo Antônio da Patrulha, onde uma ponte caiu devido ao ciclone, engolindo um veículo, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) definiu no final de semana ações para reconstruí-la. “Determinei que a EGR deve concentrar as suas ações na elaboração do projeto e na contratação de empresas para a execução da obra”, salientou o diretor-presidente da estatal, Luiz Fernando Záchia.
Ele vistoriou nesta semana a estrutura danificada juntamente com o vice-governador, Gabriel Souza. A EGR está construindo um desvio provisório na rodovia para amenizar a trafegabilidade dos motoristas, que deve ficar pronta em cerca de uma semana, e a ponte terá de ser refeita. Por enquanto, dos quilômetros 1 a 6, o acesso é somente local.