Gastronomia de cores, aromas e sabores também faz parte da história da cultura alemã no Vale do Sinos

Gastronomia de cores, aromas e sabores também faz parte da história da cultura alemã no Vale do Sinos

Além de sonhos, coragem, dialetos e vestimentas diferenciadas, o pequeno grupo de alemães que aportou em São Leopoldo em 1824 também trouxe na bagagem uma culinária criativa

Fernanda Bassôa

Para muitos, a culinária alemã remete a lembranças de infância e afetivas

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Carne de porco, batata e temperos frescos são ingredientes que não podem faltar na cozinha colonial alemã. Cardápios recheados de cores, aromas, texturas e muito sabor fazem parte da mesa farta trazida pela cultura germânica no processo de colonização há 200 anos nas cidades da região do Vale do Sinos. Além de sonhos, coragem, dialetos e vestimentas com saias rodadas e floridas, o pequeno grupo de alemães que aportou em São Leopoldo em 1824 também trouxe na bagagem a boa gastronomia.

Apaixonada pela culinária, a chef leopoldense Manuela Zang, filha de descendentes alemães, criada entre panelas e restaurantes da própria família, em Nova Petrópolis, conta que o afeto pela cozinha e o amor em produzir pratos ligados à sua história vem de lembranças afetivas. Entre o Spätzle (um macarrão leve finalizado na manteiga), o Schnitzel (uma porção empanada de carne de porco), o Zauerkraut (repolho cortado em fatias finas, cozido e depois marinado em vinagre), a sopinha de Gless (massa que imita o nhoque italiano, mas feito de farinha) e a Apfelstrudel (torta folhada maçã com creme de baunilha), Manuela conta que lembra dos pais deixando pratos prontos para ela e o irmão antes de saírem para se divertir nos bailes.

“Pra mim é muito tranquilo e prático construir cardápios da cultura alemã. Lembro do meu pai cozinhando e do cheiro de carne assada tomando conta da casa. Carne de marreco, o repolho roxo, o panelão com o joelho de porco para o almoço do dia seguinte. A salada de batata e o chucrute. São comidas que remetem a muitas lembranças de infância.” Hoje, ano em que se comemora os 200 anos da Imigração Alemã no Vale do Sinos e no Brasil, Manuela se sente privilegiada de estar participando deste momento histórico. “Minha família escutava bandinha, ia para as festas e tinha muito chope. Eu vivi muito disso. Graças a estes 200 anos, as pessoas começaram a olhar com maior carinho para nossa cultura, nossa culinária, músicas e para nossos festejos. Fico feliz de vivenciar este marco.”


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895