IGP conclui que corrosão dos cabos foi uma das causas do acidente com ponte em Torres

IGP conclui que corrosão dos cabos foi uma das causas do acidente com ponte em Torres

O incidente causou a morte do jovem Brian Grandi, de 20 anos

Correio do Povo

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O Instituto-Geral de Perícias (IGP) já concluiu que a corrosão dos cabos de sustentação foi uma das causas, entre outras, do acidente com a ponte pênsil sobre o rio Mampituba, entre Torres, no Rio Grande do Sul, e Passo de Torres, em Santa Catarina, na madrugada da última segunda-feira. O incidente causou a morte do jovem Brian Grandi, de 20 anos, cujo corpo foi encontrado na manhã dessa quinta-feira no lado catarinense. O sepultamento da vítima ocorreu na manhã desta sexta-feira no cemitério de Torres.

“Um dos fatores preponderantes para a ocorrência do acidente foi o nível de corrosão dos cabos de aço que compõem a ponte”, explicou a diretora do Departamento de Criminalística do IGP, Sheila Wendt. “Havia descabelamento dos fios. São aqueles pequenos arames que compõem o cabo e começam a se romper, demonstrando que havia uma capacidade de carga já reduzida para esses cabos”, acrescentou. Ela acredita que o problema poderia ter sido percebido em uma inspeção.

O trabalho do IGP ainda está em fase preliminar de análise. “Vários fatores vão ser analisados e considerados. Certamente vários fatores contribuíram para a ocorrência do acidente”, acrescentou Sheila Wendt. A diretora salientou que ocorreu uma sobrecarga na estrutura a partir do momento em que uma multidão utilizou a ponte pênsil ao mesmo tempo.

“O que a gente pode antecipar é que o nível de corrosão que a ponte já se encontrava, e em caso de não haver nenhuma intervenção futura que restaurasse a capacidade de carga, um acidente do tipo que ocorreu poderia vir a acontecer, inclusive com um menor número de pessoas utilizando a ponte”, enfatizou.

Duas seções do Departamento de Criminalística estão preparando os laudos periciais. A Engenharia Legal analisa os cabos e a de Perícias de Áudio e Imagem apura os vídeos de telefones celulares de testemunhas para tentar estimar quantas pessoas estavam na ponte no momento do rompimento.

A Polícia Civil investiga o caso como homicídio culposo, além de lesões corporais culposas. Conforme o titular da Central de Polícia de Araranguá (SC), delegado Maurício Pretto, os inquéritos estão sendo conduzidos ao mesmo tempo pelos policiais civis catarinenses e gaúchos, sendo aguardados os laudos periciais e ouvidas testemunhas e vítimas catarinenses e gaúchas. Ao menos 35 pessoas já compareceram para prestar depoimentos.

Mesmo sem os laudos periciais, o delegado Maurício Pretto admitiu que a “ponte possui diversos problemas de corrosão excessiva e estruturais, nós temos grampos colocados de maneira em tese não permitida. Nós temos uma diferença de ancoragem dos dois lados. Isso é perceptível”, avaliou. “A gente já percebe diversos problemas estruturais que indicam que a ponte não deveria estar operando porque o risco de queda, independentemente do excesso de pessoas, era iminente. Então, a ponte deveria ter sido interditada”, declarou, admitindo ainda que o excesso também pode ter contribuído para o acidente.

O corpo de Brian Grandi foi encontrado no começo da manhã dessa quinta-feira na praia Azul, em Passo de Torres. A vítima estava aproximadamente três quilômetros de distância de Torres. Segundo o jornal catarinense Nortesul, um veranista avistou o corpo e acionou as autoridades. Bombeiros militares, juntamente com policiais militares e civis, foram para a orla.

Passado de problemas

Não é a primeira vez que a ponte pênsil apresenta problemas estruturais. Em janeiro de 2010, ela foi interditada pela Brigada Militar por 15 dias. Na época, a BM afirmou que a passagem estava com um dos cabos de sustentação rompido e madeirame do assoalho podre, colocando em risco a segurança dos pedestres. O tráfego pelo local foi reaberto após reforço dos cabos de aço e colocação de madeiras novas, feitas pela Prefeitura de Passo de Torres.

Outro episódio envolvendo a estrutura da ponte ocorreu em sua inauguração, em 1984, quando os prefeitos dos dois municípios, secretários e populares que acompanhavam o evento caíram na água. Na ocasião, não houve feridos.


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