Indígenas protestam no Centro Histórico de Porto Alegre contra o marco temporal

Indígenas protestam no Centro Histórico de Porto Alegre contra o marco temporal

Segundo organização, representantes de comunidades da Região Metropolitana, Serra Gaúcha e Vale do Taquari estiveram presentes

Felipe Faleiro

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Integrantes de movimentos indígenas fizeram uma manifestação nesta quarta-feira, no Centro Histórico de Porto Alegre, contra a aprovação do projeto de lei 490, que institui o marco temporal no país. Segundo o cacique Moisés da Silva, que integra a etnia kaingang, por volta de 700 pessoas estiveram presentes, vindas da Região Metropolitana, Serra Gaúcha e Vale do Taquari. Eles realizaram um ato simbólico com danças tradicionais e o apoio de um carro de som, e depois marcharam até a Esquina Democrática e entorno da rua dos Andradas.

Em seguida, retornaram ao largo. Ainda conforme ele, além dos kaingang, estiveram presentes membros das etnias charrua e mbya guarani. “Nos mobilizamos hoje em vários locais do país em relação ao retrocesso que está sendo votado, nas BRs, espaços públicos, aldeias, e hoje também estamos realizando esta caminhada pacífica, para mostrar nossa força na Capital”, comentou Moisés, para quem “o meio ambiente está sendo atacado”. 

“Os indígenas são a resistência deste sistema”, ressaltou. Pela proposta aprovada na Câmara, a demarcação de terras indígenas está restrita ao território ocupado até a promulgação da Constituição de 1988. “Estamos sofrendo há 523 anos uma discriminação e desvalorização das autoridades. Mas hoje temos o Ministério dos Povos Indígenas e outros órgãos que nos auxiliam contra estes ataques. O marco temporal vai agravar a situação, principalmente de nossas crianças, que estão em perigo”, prosseguiu Moisés. 

O Supremo Tribunal Federal (STF) deverá retomar o julgamento da constitucionalidade da medida, que poderá inclusive ser derrubada em plenário. Moisés afirma que os indígenas “só querem respeito”. “Não queremos nada de bens, somente precisamos nos manter. É importante para que as pessoas possam nos ver e acompanhem nossa luta. Este projeto vai impactar no futuro das nossas comunidades”, comentou o cacique.


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