Justiça determina suspensão do leilão do prédio da SMOV, em Porto Alegre

Justiça determina suspensão do leilão do prédio da SMOV, em Porto Alegre

Em nota divulgada neste domingo, prefeitura da Capital vai recorrer da decisão

Vitória Fagundes

Valor arrecadado com a venda do prédio será utilizado na construção de Habitação de Interesse Social no bairro Humaitá

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A Justiça do Rio Grande do Sul determinou na tarde deste domingo (26) a suspensão do leilão do prédio da antiga Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov) que estava marcada para acontecer nesta segunda-feira. A decisão foi atendida a pedido do Ministério Público do Rio Grande do Sul pela juíza Juliana Neves Capiotti, da 6ª Vara da Fazenda Pública. Essa é a segunda ação instituída para impedir o leilão do prédio

O terreno da SMOV tem cerca de 4,9 mil metros quadrados e a área construída é de aproximadamente 9,9 mil metros quadrados. O edifício possui sete pavimentos e foi construído na década de 1970.

Leilão

O leilão estava marcado para acontecer nesta segunda por meio de sistema eletrônico, em sessão pública no Portal de Compras Públicas, com abertura às 10h. O lance mínimo era de R$ 48,1 milhões, valor avaliado inicialmente pela Caixa Econômica Federal, conforme informações da Prefeitura de Porto Alegre. Os recursos da venda seriam utilizados para a construção do Residencial Barcelona, no bairro Humaitá, que terá 254 unidades habitacionais para atender uma demanda de habitação da comunidade da Zona Norte da Capital. No dia 2 de novembro, o prefeito de Porto Alegre Sebastião Melo sancionou a lei autorizando que os recursos da venda do prédio sejam utilizados para a construção da nova edificação.

Na última terça-feira (21), o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/RS) entrou com inquérito civil na Promotoria do Meio Ambiente contra a venda do prédio da SMOV. A ação tramitou na 9ª Vara Federal de Porto Alegre. De acordo o Conselho, o objetivo a ação foi de preservar proteger e resguardar o prédio que serviu como sede da antiga SMOV. O pedido foi indeferido pela 9ª Vara Federal de Porto Alegre na última quinta-feira.

“É lamentável havermos chegado ao ponto de precisarmos desse ato extremo de buscar na justiça a proteção do bem histórico. Apesar do alinhamento de muitas instituições técnicas da área, faltou sensibilidade e responsabilidade dos gestores para atender a essa importante demanda da sociedade de Porto Alegre”, afirmou o presidente do CAU/RS, Tiago Holzmann da Silva.

No dia 7 de novembro, o promotor de Justiça do Meio Ambiente de Porto Alegre Felipe Teixeira Neto se reuniu com o secretário municipal de Administração e Patrimônio, André Barbosa, para tratar sobre o valor histórico-cultural do prédio da antiga Secretaria Municipal de Obras e Viação (SMOV), situado na Avenida Borges de Medeiros, na Capital. O promotor explicou que o Conselho de Arquitetura já havia feito um pedido de tombamento do prédio à equipe do Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre (EPHAC) que caso fosse constatado o histórico-cultural do prédio, haveria restrição a demolição.

A coordenadora da entidade no Rio Grande do Sul, Jacqueline Custódio, ressalta que o pedido de tombamento ou inventariado no prédio foi feito, mas que não ocorreu até o momento. Às vésperas do leilão, um grupo de ex-servidores, arquitetos e membros do Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro organizou na sexta-feira (24) um abraço ao prédio histórico. Em nota, a Prefeitura de Porto Alegre divulgou na tarde deste domingo que vai recorrer da decisão judicial junto ao Plantão do Tribunal de Justiça para manter o leilão. 


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