Liminar que suspende obras no Parque Harmonia não impede movimento de trabalhadores

Liminar que suspende obras no Parque Harmonia não impede movimento de trabalhadores

GAM3 Parks afirma que são feitos "trabalhos necessários de manutenção", fora do escopo da suspensão

Felipe Faleiro

Na manhã desta sexta-feira, funcionários manipulavam ferramentas e peças de concreto no local

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Chama a atenção de pessoas que circulam pelo entorno do Parque Harmonia, em Porto Alegre, a movimentação de trabalhadores dentro do local, carregando blocos de concreto, movimentando a terra e manuseando ferramentas. A situação poderia ser corriqueira, não houvesse uma liminar suspendendo ali a construção do Parque da Orla, aberta pelo movimento Ambiental Salve o Harmonia, deferida pela 10ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre e sustentada pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS).

A GAM3 Parks, concessionária responsável pela gestão do Harmonia, explica que são “trabalhos necessários de manutenção, recolhimento de resíduos e jardinagem”, que não têm relação com o evento tradicionalista, mas sim com a infraestrutura do próprio parque, afirma a diretora do consórcio, a arquiteta Carla Deboni. “Além disto, estão sendo instaladas tampas de concreto, para que quem circula pelo parque não caia e se machuque”, justifica.

O mesmo disse a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), em nota, acrescentando também estar “empenhada em reverter a suspensão das obras do Parque Harmonia por meios legais”. A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal ainda não se manifestou.

Apesar de haver maquinários no local, não havia ninguém os operando na manhã desta sexta-feira. De acordo com a empresa, um dos efeitos mais imediatos da suspensão foi a presença de montes de terra em outra área do parque, onde está sendo montada normalmente a estrutura temporária para o show do grupo musical Sorriso Maroto, marcado para este domingo, e que não é objeto da suspensão. 

“Trata-se de um evento desmontável, com gerador próprio, por exemplo, então não modifica com a infraestrutura do Harmonia”, explica a diretora. Há três agravos de instrumento, ou recursos para derrubada da liminar, em tramitação: uma da Associação dos Acampados da Estância da Harmonia (Acamparh) e outro da GAM3 Parks saíram da 3ª Câmara Cível e foram redistribuídos para a 21ª, e ainda um terceiro da Procuradoria-Geral do Município (PGM), que está na 10ª Vara da Fazenda Pública, ou seja, a primeira instância do Poder Judiciário. 

Embora feitas em caráter de urgência, as duas primeiras ações estavam tramitando em uma Câmara Cível sem competência para julgar o assunto, fazendo com que o desembargador-relator Leonel Pires Ohlweiler determinasse a realocação das mesmas. Segundo Carla, não serão retiradas mais do que as 103 árvores já concluídas, e que, ainda conforme a concessionária, estão sendo compensadas com o plantio de quase cinco novas para cada removida, e as 13 para as obras de infraestrutura deverão ser realocadas. 

Ainda de acordo com a sustentação da GAM3 Parks, do total de vegetais removidos na área do Harmonia, 40 estavam em más condições fitossanitárias e dois estavam mortos. O Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) reforçou que não irá se manifestar sobre o imbróglio, em razão de o parque onde ocorre o Acampamento ser gerido por meio de contrato firmado com a empresa vencedora da licitação, porém a assessoria comentou esperar “que o bom senso prevaleça” nas negociações.

O vereador José Freitas, presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal, disse acreditar que a liminar “será revertida nas próximas horas”. “Acredito que a Prefeitura está cumprindo a ordem de parar e nota-se que ali estão fazendo pequenas obras manuais. Creio que o Judiciário será sensível ao assunto, até porque temos o Acampamento Farroupilha pela frente, e nos próximos dias tem de iniciar a montagem dos galpões”, observou ele.


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