MPRS promove corrida que chama a atenção para a adoção tardia

MPRS promove corrida que chama a atenção para a adoção tardia

Cerca de 3,5 mil crianças e adolescentes institucionalizados estão aptos, dos quais 800 estão em Porto Alegre esperando por uma família

Christian Bueller

Participantes receberam medalhas nas mais de dez categorias da corrida

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Uma disputa em que todos ganham. O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) realizou, neste sábado, a 3ª Corrida pela Adoção, em Porto Alegre. O evento, que ocorreu na Rótula das Cuias, próximo ao Parque Harmonia, chamou a atenção da sociedade gaúcha para o número de crianças e adolescentes que aguardam a oportunidade de ganhar uma família, especialmente para a adoção tardia, ou seja, crianças e adolescentes com mais de seis anos.

Segundo dados da Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude da Capital, existem cerca de 3,5 mil crianças e adolescentes institucionalizados em abrigos e casas lares aptos à adoção no RS. “Somente em Porto Alegre, são cerca de 800, que aguardam uma decisão judicial, ou para voltar à família de origem, ou serem adotadas”, explica a promotora Cinara Vianna Dutra Braga. Segundo ela, a grande dificuldade é que a maioria dos quase 33 mil pretendentes habilitados no Brasil querem adotar crianças de até seis anos de idade. No entanto, 95% dos acolhidos no RS têm idade superior, conforme o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA).

A prova contou com as modalidades corrida - 10, 5 e 3 quilômetros -, caminhada e corrida Kids. Além de sensibilizar para o tema, os valores arrecadados nas inscrições para a Corrida serão destinados à melhoria da infraestrutura dos abrigos e das casas lares de Porto Alegre. “A ideia é incentivar as pessoas habilitadas a acessarem o aplicativo Adoção RS, onde é possível assistir aos vídeos de crianças maiores e que não tem pessoas interessadas em adotá-las”, sugeriu Cinara. A promotora lembra que a ação também serviu para despertar a vontade em pessoas que ainda não se habilitaram, mas pensam na adoção, ainda que tardia. “Podem estar certas que, durante o processo, receberão todas as informações necessárias para ratificar a sua intenção”, garante.

Outra opção é o apadrinhamento afetivo, destinado às pessoas que não desejam adotar, mas que querem despender do seu tempo e afeto para acompanharam o crescimento das crianças que não voltaram para sua família de sangue e nem conquistaram uma nova. “Há também, além da possibilidade do acolhimento institucional em abrigos e casas, a modalidade das famílias acolhedoras. Porto Alegre tem somente 11, poderia ter o dobro. Os jovens que completam 18 anos precisam sair dos espaços de proteção e não há serviços de república nem residenciais terapêuticos na cidade. Eles vão para as ruas?”, alertou a promotora.

O evento contou com diversos participantes em mais de dez categorias, que premiou os três primeiros colocados com medalhas de ouro, prata e bronze, e de participação a todos que estiveram na ação. A 3ª Corrida pela Adoção teve parceria com o Sesc e a Associação dos Usuários de Informática e Telecomunicações do RS (Sucesu-RS).


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