Nível da Lagoa dos Patos preocupa municípios da região Sul do RS
Em Tapes, 30 famílias precisaram ser retiradas de casas na Vila dos Pescadores
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O crescimento no nível da Lagoa dos Patos em função das chuvas constantes tem causado transtornos na região sul. A situação é crítica em Tapes. Durante a manhã mais de 30 famílias precisaram ser retiradas de suas casas na Vila dos Pescadores. Segundo o coordenador municipal da Defesa Civil, Adan Bunilha, a expectativa é que o dobro de pessoas tenha que sair de casa devido às cheias.
“Alguns estão na associação da própria vila e no ginásio do Centro Integrado Municipal Alvinho. O principal problema é o vento que sopra da costa e aumenta as ondas e destrói o que tem próximo”, lamenta. Com as cheias e o tamanho das ondas da Lagoa foram destruídos o Trapiche e algumas casas.
Em Barra do Ribeiro, a rua em frente a praia da Picada encheu, devido à cheia do Guaíba. Segundo o coordenador municipal da Defesa Civil, Pedro Vianna, a maioria das pessoas que estão com as casas alagadas não querem deixar suas residências. Durante a manhã, duas pessoas foram para a casa de familiares.
Na cidade de São Lourenço do Sul, a Defesa Civil informou que devido às chuvas os níveis da Lagoa em quase toda a sua extensão e também do Arroio São Lourenço estão instáveis e em elevação. Até o início da tarde, três pessoas foram levadas para o abrigo da Prefeitura, no salão paroquial da Comunidade Católica Nossa Senhora de Fátima. A previsão é que este número aumentasse durante o dia em função do avanço da Lagoa dos Patos sobre a encosta.
O nível está acima do normal, influenciado principalmente pelo vento sul, nas praias da Barrinhas e Nereidas, a força das ondas está causando danos severos à estrutura da orla. A prefeitura aconselha que nos locais onde a água se encontra em nível elevado ou subindo, os moradores deixem suas casas e chamem a Defesa Civil, os Bombeiros ou a Brigada Militar.
Em Rio Grande, a régua da tábua de maré da Praticagem da Barra apontava 1,05 m, às 14h, quando a Lagoa dos Patos apresentou elevação, após apresentar recuo na tarde de segunda-feira quando chegou a 1,2 m. Na manhã desta terça-feira, o valor foi de 0,64 acima, por volta das 10h. Segundo informações da Praticagem da Barra, a elevação iria até as 17h. Após este horário a previsão é de novo recuo.
A previsão climática era que a chuva fosse de até 50 mm e os ventos não passassem dos 60 km na cidade. O problema é a direção do vento, que é sul, o que represa a água na Lagoa, que por sua vez segue recebendo o alto volume de água das chuvas que descem da região metropolitana do Estado, onde choveu torrencialmente nesta terça-feira. A hidroviária tanto de Rio Grande, como de São José do Norte está alagada, assim como a saída das balsas.
“O nosso monitoramento não deve parar nos próximos 20 dias direto. Será diurno, noturno e na madrugada”, explicou o Coordenador da Defesa Civil Municipal, Rudimar Machado. Com a cheia, algumas ruas precisaram ser bloqueadas para o acesso de veículos.
Ao meio-dia desta terça-feira, o trânsito estava bloqueado nas ruas Padre Feijó, Deodoro, Visconde do Rio Grande, João Salomão e Henrique Pancada. As equipes de trânsito seguem as rondas e em caso de necessidade novas ruas serão bloqueadas. De acordo com a Defesa Civil Municipal, a maior preocupação nesta terça-feira segue sendo a situação das ilhas da Torotama e dos Marinheiros.
Uma logística foi preparada para atender os moradores em caso de necessidade de saída de suas residências. A Marinha auxilia na ação. A Defesa Civil também está atenta à situação dos bairros Dom Bosquinho, São Miguel e São João, onde foram registrados vários pontos de alagamento. Até o meio-dia desta terça-feira , 49 pessoas estavam acolhidas no abrigo do Salão Paroquial do Povo Novo. O local recebe a população atingida pela cheia nas ilhas. Já no abrigo instalado no ginásio da Escola Lemos Júnior permanecem abrigadas sete pessoas da mesma família.
Em Pelotas a situação mais crítica é na região do Laranjal. O Pontal da Barra segue sem acesso. Aumentou para 155 pessoas o número de desabrigados. A área mais atingida no município é a colônia Z3, a comunidade do Cedrinho e do Junquinho estão debaixo d'água. Nesta terça-feira, a escola Rafael Brusque foi transformada em abrigo e irá receber as famílias que tiverem necessidade de sair das suas casas e não tiverem para onde ir.
Em uma transmissão pela internet, a prefeita Paula Mascarenhas disse acreditar que durante esta terça-feira devem passar de 300 o número de pessoas fora de casa na Colônia Z3. O canal São Gonçalo estava 2,32 m acima e só não transbordou por causa de um dique construído em 2015. “No entanto, se continuar subindo é muito possível que as águas transbordam. Há uma possibilidade se continuar o acúmulo de água e não mudar o vento pode prejudicar o Valverde. Vamos acompanhar nas próximas 24 e 48h”, garantiu.