Na reabertura das comportas, Leite defende derrubada do muro da Mauá e novo sistema de contenção

Na reabertura das comportas, Leite defende derrubada do muro da Mauá e novo sistema de contenção

Governador reafirmou intenção de substituir o muro e as comportas por novo sistema, com barreiras fixas e retráteis

Correio do Povo

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Com a baixa no nível da água do Guaíba, as comportas que compõem o Sistema de Proteção Contra Cheias em Porto Alegre começaram a ser reabertas na tarde desta quinta-feira. A primeira foi a comporta 4, junto à avenida Sepúlveda. Até o fim da sexta-feira, o Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) deve concluir a reabertura das oito estruturas que foram fechadas.

Logo após a abertura do portão, o governador Eduardo Leite esteve no local, depois de visitar áreas atingidas pela cheia na Vila dos Sargentos, bairro Serraria. Mais cedo, Leite visitou a Barra do Ribeiro, e Estrela, onde recebeu a comitiva de ministros do governo federal, e Eldorado do Sul.

No Cais Mauá, o governador reforçou a defesa do governo do Estado na derrubada do muro da Mauá e substituição do atual sistema de prevenção contra enchentes por um novo. “Queremos entender o que se passou aqui no Cais e deixar claro para a população que a nossa defesa de que os muros sejam retirados não é para deixar desguarnecida a cidade. Haverá substituição por um novo sistema de contenção das cheias que proteja inclusive os próprios armazéns”, afirmou.

O governador argumentou que, na época em que o muro foi construído, o Cais Mauá tinha outro perfil de atividade. Com a criação de estabelecimentos de lazer e gastronomia, o sistema já não seria mais adequado, de acordo com Leite.

“A atividade portuária antes não permitia colocar um muro na beira do cais, em função da movimentação das cargas. Então era uma área que sempre estaria vulnerável pela atividade que tinha. Agora, se propõe aos armazéns uma atividade de gastronomia, entretenimento, é outro tipo de uso. Bom, então agora o sistema precisa abarcar a própria região dos armazéns.”

O sistema defendido pelo governo do Estado prevê uma espécie de arquibancada junto ao rio, com uma elevação de 1,20 metro, que serviria de barreira para as cheias do rio. Está previsto também um sistema retrátil de barreiras. O sistema retrátil funcionaria de forma complementar. Em uma cheia como a registrada essa semana, em que o Guaíba chegou a 3,18 metros, a barreira fixa seria suficiente. As barreiras retráteis seriam utilizadas em eventos em que o nível ultrapassasse os 4,20 metros, ou seja, os 3 metros da cota de inundação mais a altura da barreira fixa.

Sistema cumpriu seu papel, avalia professor

Na avaliação do professor Fernando Dornelles, do Instituto de Pesquisas (IPH/UFRGS), o Sistema de Proteção Contra Cheias, colocado à prova cerca de 50 anos após sua construção, cumpriu com a sua finalidade. 

“Não foram registrados alagamentos nas regiões onde o mapa aponta a inundação hipotética. O ponto de vulnerabilidade do sistema foram as partes móveis (comportas) e casas de bombas, que são os equipamentos que complementam o sistema. Este evento veio para alertar da importância de termos estas estruturas com suas manutenções em dia e suas equipes de operação bem capacitadas para atuar diante a emergência do desastre”, finalizou.

Para Dornelles, esta enchente leva a repensar a questão das estruturas móveis, em função do tempo necessário para colocá-las em funcionamento. “Se hoje, com 14 comportas de poucos metros cada uma, já tivemos várias pessoas atuando para resolver os problemas de vazamento nelas, façamos um pensamento extrapolado para toda extensão prevista no projeto de revitalização do Cais Mauá.”


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