Obras no Parque Harmonia: arquiteta endossa descaracterização de projeto em reunião com protestos
Sessão da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) teve manifestações efusivas contrárias e favoráveis às intervenções
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Em uma sessão concorrida, que precisou ocupar duas salas na Câmara Municipal, e tensa, com manifestações efusivas a favor e contra, a Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) realizou uma reunião extraordinária para tratar das obras no Parque Harmonia. Geridas pela empresa GAM3 Parks, que venceu a licitação para administrar o local, além do trecho 1 da Orla, pelo período de 35 anos, as alterações vêm sendo criticadas por ambientalistas e frequentadores do espaço. A controvérsia tomou um contorno maior quando os arquitetos do projeto original revelaram que o conceito original foi descaracterizado após a aprovação pelo Conselho do Plano Diretor e autorização pela prefeitura de Porto Alegre.
No início do mês, veio a notícia de que profissionais denunciaram as mudanças ao Ministério Público e Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), considerando como indevidas. A arquiteta autora do Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU), Eliana Castilhos, reafirmou a dissonância durante a reunião. “O projeto em implantação não é o que foi aprovado. Não é uma mudança, são várias. E não foram autorizadas. A legislação pede que sejam autorizadas por escrito pelo autor e isso não foi respeitado”, salientou.
Uma reunião similar da Cosmam, na semana passada, decidiu por pedir ao prefeito Sebastião Melo que interrompesse as obras. Proponente do encontro, o vereador Aldacir Oliboni (PT) destacou que a ideia dos parlamentares não é cancelar o Acampamento Farroupilha, tradicional evento que ocorre no Harmonia. “Nosso dever é analisar os laudos e os projetos e verificar o que deve ser feito, porque sabemos que há uma derrubada de árvores no parque e recebemos muitas denúncias”, salientou o vereador.
O secretário municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade, Germano Bremm, defendeu a necessidade da concessão pela dificuldade financeira de Poder Público em gerir e fazer a manutenção de parques. “Foi tudo dentro da lei e na base do diálogo”, disse, sob vaias de discordantes das obras e aplausos de pessoas que apoiam a prefeitura presentes à reunião.
A arquiteta e diretora da GAM3 Parks, Carla Deboni, apresentou o projeto e disse que 103 árvores precisaram ser removidas e que haveria compensação com o plantio de 1.906 mudas no parque. “Tudo foi feito respeitando o contrato, de acordo com o caderno de encargos” afirmou.
Vereadores e pessoas que participaram da reunião puderam se manifestar, favoráveis ao Parque da Orla, empreendimento que resultará das obras, e contrários à ideia por acreditar que as intervenções afetam a flora e fauna do local.