Porto Alegre sanciona lei que institui mês de conscientização sobre nanismo

Porto Alegre sanciona lei que institui mês de conscientização sobre nanismo

Legislação inclui Outubro Verde no calendário da Capital

Christian Bueller

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O prefeito Sebastião Melo (MDB) sancionou, nesta terça-feira, o projeto de lei de autoria do vereador Alvoni Medina (Republicanos) que inclui o Outubro Verde, mês de valorização e defesa das pessoas com nanismo, no Calendário de Datas Comemorativas e de Conscientização do Município de Porto Alegre. A medida tem o objetivo de conscientizar a população e combater o preconceito contra pessoas que possuem o transtorno de crescimento.

O dia 25 de outubro é um marco mundial na valorização de políticas públicas de inclusão e acessibilidade. Conforme Medina, é preciso valorizar a individualidade e capacidade intelectual destes cidadãos, inclusive com a busca da efetivação dos seus direitos. “O nanismo pode ser detectado ainda na gestação e a estimativa é que a cada 20 mil nascimentos, uma criança nasça com algum tipo de nanismo no Brasil. Sendo assim, é extremamente importante que se inclua as demandas dessa parcela da população no debate público da Capital”, afirmou.

Para o prefeito, é fundamental traduzir a lei em ações práticas que impactem diretamente na vida dos cidadãos. “A sanção é um passo importante, mas precisa vir para a parte prática. A conscientização é o primeiro caminho para a tomada de atitude que deve passar pelo poder público implementar ações que assegurem mais bem-estar e inclusão”, acrescenta Melo.

Caminho da educação

Para a delegada da Associação de Nanismo Brasil (Annabra) no RS, Vélvit Severo, a educação é o caminho para que a conscientização aconteça na prática. “Assim, crianças e jovens se tornarão adultos que respeitarão a diversidade, para que haja inclusão e que todos sejam vistos com naturalidade”, ressaltou. Segundo ela, são políticas públicas efetivas que poderão transformar este desejo em realidade. “O nanismo é a única deficiência ainda invisível aos olhos da sociedade. Precisamos de um mapeamento para que possamos enxergar esta parcela da população”, opinou Vélvit, saudando que Porto Alegre tem a primeira campanha da causa no Brasil.

A jornalista Lelei Teixeira foi escolhida a embaixadora e representante do movimento no Estado. Visivelmente emocionada ao ser surpreendida com o convite, a autora do livro “E Fomos Ser Gauche na Vida”, considerado um manifesto pela inclusão, contou a sua história. “É uma luta que levo desde que tive a consciência do nanismo, na juventude, junto com a minha irmã, já falecida. Fomos muito guerreiras, enfrentamos preconceito. Minha mãe ouvia que precisa esconder as filhas para que ‘ninguém visse’”, recorda. Lelei, no entanto, lembra que sua família sempre foi acolhedora, dando a força que necessitava para lidar com o preconceito. “Meus pais nunca tiveram medo, essa energia tive de berço”, contou a jornalista.

A solenidade contou com a participação de outras pessoas com nanismo e integrantes do governo municipal, que reunirão para debater quais os maiores problemas a fim de buscarem soluções para a causa na Capital.


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