Prefeitura de Porto Alegre não cogita ampliar locais com uso obrigatório de máscara

Prefeitura de Porto Alegre não cogita ampliar locais com uso obrigatório de máscara

Especialistas celebram medida diante da "vacinação insuficiente" justificada pela Secretaria Municipal de Saúde

Felipe Faleiro

Obrigatoriedade da máscara em áreas assistenciais de hospitais, entre outros locais, vale desde ontem

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A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre não cogita, por ora, ampliar o número de locais onde é obrigatório o uso de máscaras, após publicar normativa estabelecendo o retorno da obrigatoriedade em áreas assistenciais dos hospitais públicos e privados, pronto atendimentos, unidades de saúde e instituições de longa permanência de idosos. A medida, válida desde esta terça-feira, é celebrada por especialistas, diante do aumento de casos de Covid-19 na Capital e vacinação ainda insuficiente na população em geral.

“O uso de máscaras em ambientes de atendimento de saúde deveria ter sido mantido. Que bom que a medida foi revista”, avalia o virologista, professor da Feevale e coordenador da Rede Corona-Ômica BR-MCTI, Fernando Spilki. De acordo com ele, a recomendação poderia ser, inclusive, estendida a outros municípios. “Estamos no terceiro ano com elevação de casos nesta época. Única surpresa é se, neste ano, não se estender em níveis altos ao longo do verão, e se elevar ainda mais ao longo de fevereiro, como já se repetiu.”

A Prefeitura justifica a volta da medida a uma série de fatores: aumento da circulação viral, de novas internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com Covid-19 e da demanda de sintomáticos junto aos serviços de atenção à saúde, além de novos surtos. Mas tão ou mais preocupante é a vacinação insuficiente. “Pouco menos de 30% das pessoas ainda não buscaram a terceira dose, referente a 400 mil pessoas, e mais de 50% não fizeram a quarta dose, cerca de 431 mil pessoas”, explica a coordenadora da Atenção Primária à Saúde da SMS, Caroline Schirmer.

Conforme ela, há grande preocupação com relação à população com comorbidades, mais vulnerável a sintomas graves, internações e mortes pela Covid-19. “Creio que haja uma sensação de que a doença está mais tranquila ou com sintomas mais leves”, diz Caroline, acrescentando que a busca pela imunização, no início, foi mais motivado pelo medo do adoecimento, já que, no início, as mortes pela doença eram mais frequentes e próximas. 

A maior curiosidade da população relacionada à vacina, segundo ela, é sobre a bivalente, que chegou ao Brasil há cerca de duas semanas, e que protege contra a variante original e a BA1 da ômicron, e que, ao menos na teoria, poderia ajudar a frear eventuais novas ondas no público em geral. “Se a pessoa tem muitas comorbidades, não vale a pena esperar chegar na bivalente. É muito melhor que faça a quarta dose agora”, afirma o chefe do serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Eduardo Sprinz.

Segundo a SMS, somente 65% das pessoas acima de 18 anos de idade tomaram a primeira dose de reforço, enquanto a segunda dose de reforço foi aplicada em 28,4% desta faixa etária. A Prefeitura afirma que foram ampliadas as estratégias relacionadas à vacina em Porto Alegre, com ações como unidade móvel, horário estendido dos postos, entre outras medidas. Em si, Sprinz não considera os números de vacina baixos, e avalia que a vacinação precisa continuar sendo estimulada. “Não há comparação com números de outros locais fora do Estado. Para conter novas ondas, principalmente temos que cuidar das pessoas com comorbidades”, observa.


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