Prefeitura de Porto Alegre não cogita ampliar locais com uso obrigatório de máscara
Especialistas celebram medida diante da "vacinação insuficiente" justificada pela Secretaria Municipal de Saúde
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A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre não cogita, por ora, ampliar o número de locais onde é obrigatório o uso de máscaras, após publicar normativa estabelecendo o retorno da obrigatoriedade em áreas assistenciais dos hospitais públicos e privados, pronto atendimentos, unidades de saúde e instituições de longa permanência de idosos. A medida, válida desde esta terça-feira, é celebrada por especialistas, diante do aumento de casos de Covid-19 na Capital e vacinação ainda insuficiente na população em geral.
“O uso de máscaras em ambientes de atendimento de saúde deveria ter sido mantido. Que bom que a medida foi revista”, avalia o virologista, professor da Feevale e coordenador da Rede Corona-Ômica BR-MCTI, Fernando Spilki. De acordo com ele, a recomendação poderia ser, inclusive, estendida a outros municípios. “Estamos no terceiro ano com elevação de casos nesta época. Única surpresa é se, neste ano, não se estender em níveis altos ao longo do verão, e se elevar ainda mais ao longo de fevereiro, como já se repetiu.”
A Prefeitura justifica a volta da medida a uma série de fatores: aumento da circulação viral, de novas internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com Covid-19 e da demanda de sintomáticos junto aos serviços de atenção à saúde, além de novos surtos. Mas tão ou mais preocupante é a vacinação insuficiente. “Pouco menos de 30% das pessoas ainda não buscaram a terceira dose, referente a 400 mil pessoas, e mais de 50% não fizeram a quarta dose, cerca de 431 mil pessoas”, explica a coordenadora da Atenção Primária à Saúde da SMS, Caroline Schirmer.
Conforme ela, há grande preocupação com relação à população com comorbidades, mais vulnerável a sintomas graves, internações e mortes pela Covid-19. “Creio que haja uma sensação de que a doença está mais tranquila ou com sintomas mais leves”, diz Caroline, acrescentando que a busca pela imunização, no início, foi mais motivado pelo medo do adoecimento, já que, no início, as mortes pela doença eram mais frequentes e próximas.
A maior curiosidade da população relacionada à vacina, segundo ela, é sobre a bivalente, que chegou ao Brasil há cerca de duas semanas, e que protege contra a variante original e a BA1 da ômicron, e que, ao menos na teoria, poderia ajudar a frear eventuais novas ondas no público em geral. “Se a pessoa tem muitas comorbidades, não vale a pena esperar chegar na bivalente. É muito melhor que faça a quarta dose agora”, afirma o chefe do serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Eduardo Sprinz.
Segundo a SMS, somente 65% das pessoas acima de 18 anos de idade tomaram a primeira dose de reforço, enquanto a segunda dose de reforço foi aplicada em 28,4% desta faixa etária. A Prefeitura afirma que foram ampliadas as estratégias relacionadas à vacina em Porto Alegre, com ações como unidade móvel, horário estendido dos postos, entre outras medidas. Em si, Sprinz não considera os números de vacina baixos, e avalia que a vacinação precisa continuar sendo estimulada. “Não há comparação com números de outros locais fora do Estado. Para conter novas ondas, principalmente temos que cuidar das pessoas com comorbidades”, observa.