Edifício Hudson: a história do prédio do Correio do Povo

Edifício Hudson: a história do prédio do Correio do Povo

Jornal que completa em outubro 128 anos ocupa a esquina das ruas Caldas Junior e Andradas há 78 anos

Brenda Fernández

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Resumo da matéria:

Edifício foi comprado pela Empresa Jornalística Caldas Junior em 1942
Depois de construído, prédio passou por ampliação após compra por Breno Caldas
Correio do Povo sempre funcionou no Centro Histórico de Porto Alegre
Rua Caldas Junior nem sempre teve esse nome
Funcionário que ajudou na reconstrução do prédio ainda colabora na empresa
Fotos: as transformações da rua Caldas Junior em oito décadas
Fotos: veja as plantas arquitetônicas da reconstrução do prédio
Veja outros locais do especial Redescobrir a Cidade

Era ainda o velho prédio original. Nenhum luxo. Tinha um certo ar de coisa antiga, e lá encontrei algumas pessoas de aspecto antigo”. Assim descreveu Erico Verissimo sobre sua primeira visita à redação do Correio do Povo, no edifício Hudson. No texto intitulado 'O Correio do Povo e eu', que foi publicado no jornal em 1975, em comemoração aos 80 anos do periódico, ele ainda escreveu: “não levei muito tempo para perceber que predominava no Correio do Povo um espírito de família. Para muitos daqueles funcionários, o 'jornal' era uma espécie de segundo lar". 

O edifício de dois andares que se destaca na esquina das ruas Caldas Junior e Andradas foi comprado pela Empresa Jornalística Caldas Junior em 1942 e reinaugurado em 1945. Desde sua criação, em 1895, as redações do Correio do Povo e da Folha da Tarde funcionavam no agora Centro Histórico de Porto Alegre. A instalação anterior era ao lado do edifício Hudson, na rua dos Andradas. 

Foto: CP Memória

Os registros do prédio no acervo municipal da Prefeitura de Porto Alegre datam a partir da compra e reconstrução por Breno Caldas, proprietário na época. Antes da década de 20, os prédios municipais não tinham registros de construção, me conta Camila Lacerda Couto, coordenadora da Gestão Documental da Secretaria Municipal de Administração e Patrimônio. 

Era um jovem de 25 anos e já com grande apreço à família Caldas Junior, com quem já tinha trabalhado, quando Deroci Eusébio da Silva se apresentou ao engenheiro-chefe da empresa para começar o novo emprego no setor de manutenção. “Pouca gente sabe, mas tem um terceiro andar neste prédio. Lá já funcionou a moradia do zelador, mas quando cheguei era um escritório. Foi lá que me apresentei ao engenheiro em 1º de junho de 1972”, conta. 

Deroci é o funcionário em atividade mais antigo da empresa, com 52 anos de colaboração. Quando chegou ao edifício Hudson logo já integrou a equipe para uma missão grande: construir a extensão do prédio. Hoje onde é o estacionamento coberto do jornal, refeitório e parte da área administrativa já foi um espaço a céu aberto, onde os carros ficavam estacionados. 

Para ajudar a remontar as memórias, guarda com cuidado as plantas arquitetônicas da construção em seu armário. Cuidadosamente, desenrola os papéis amarelados do tempo com marcações coloridas e datadas de 1967. Na sala de trabalho outros detalhes revelam seu amor em meio século de firma: as fotos com os colegas decorando a parede, em cima da mesa uma da equipe levantou a taça no campeonato de futebol de 1987, realizados na empresa, onde Deroci era o goleiro. 

Quando questiono se tem algum espaço do prédio que gosta mais, a resposta vem firme num par de segundos: “eu amo cada canto deste lugar. É minha segunda casa. Ou seria a primeira? Acho que hoje já é a primeira, já que passo mais tempo aqui.” 

De Beco do Fanha a rua Caldas Junior

A rua Caldas Junior só passou a ter esse nome com a instalação da redação do Correio no edifício Hudson. Antes, a travessa que liga a avenida Mauá à rua Riachuelo recebeu outros nomes. Até 1800 foi denominado Beco do Inácio Manoel Vieira, em alusão a uma cidadão que edificou vários prédios na rua. Mas o nome pouco vingou.

A passagem, com características muito diferentes com as de hoje, ficou conhecida mesmo como Beco Quebra-Costas – por conta da ladeira – e Beco da Fanha, este último por causa de um taberneiro fanhoso que morava na ruela. Em 1873, no entanto, a Câmara trocou a denominação popular de Beco da Fanha por Travessa Paissandu (Paysandu), em homenagem ao feito de armas da guerra contra o Paraguai (1864-1865). Com a última troca, a placa à Paissandu ganhou um rebatismo, agora instalada no bairro Partenon, também na capital gaúcha.

Quase 80 anos de transformações

Antes

Depois

Foto: Maria Eduarda Fortes

Conheça as plantas arquitetônias do prédio

Arquivo: Coordenação de Gestão Documental da Secretaria Municipal de Administração e Patrimônio

Arquivo: Coordenação de Gestão Documental da Secretaria Municipal de Administração e Patrimônio

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Galeria


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895