Sem proposta, greve de ônibus na Região Metropolitana prosseguirá na segunda

Sem proposta, greve de ônibus na Região Metropolitana prosseguirá na segunda

Após normalização dos serviços no fim de semana, Sindimetropolitano prevê intensificação da paralisação parcial

Felipe Faleiro e Lucas Eliel

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A greve de trabalhadores do setor rodoviário se intensificará caso não haja uma nova proposta de reajuste para a categoria, afirmou o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários Intermunicipais da Região Metropolitana (Sindimetropolitano), em contato com a reportagem nesta sexta-feira. A paralisação não tem data para acabar, prossege hoje e na segunda-feira sem um novo acordo. A medida atinge sete municípios gaúchos (Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Glorinha, Gravataí, Nova Santa Rita e Viamão), com 50% da frota atuando nos horários de pico (5h30min às 9h e das 16h30min às 19h) e 30% dos veículos em circulação nos demais períodos. 

A movimentação de passageiros nas paradas de Cachoeirinha e Gravataí foi intensa no começo da manhã de hoje. Já no final do turno, o movimento já era mais tranquilo. Na divisa entre Cachoeirinha e Gravataí, na avenida Flores da Cunha, parada 59, o aposentado Nei Santos disse que embarcaria na linha Ponte para ir a Cachoeirinha, mas não sabia da paralisação. 

“O ônibus aqui é muito caro. Entra tudo, gasolina, impostos, que não param de subir. Estou pensando agora em desistir de embarcar e pegar outro tipo de transporte, como de aplicativo”, disse ele. No entanto, logo um coletivo de seu itinerário chegou à parada. Já no bairro Fátima, o casal de namorados Renato Gonçalves, de Gravataí, e Teresa Sipp, de Cachoeirinha, ambos aposentados, estavam em frente a uma parada de ônibus enquanto aguardavam o coletivo TM2, e disseram estar há pouco tempo no local. 

“Geralmente esperamos de 20 a 30 minutos, depende bastante do horário. Vamos ver o que vai acontecer, não sabemos”, salientou Gonçalves, que pegaria o ônibus sozinho, enquanto ela estava apenas o acompanhando sem embarcar. 

O movimento dos funcionários da área do transporte é em protesto à proposta de 4,5% de reajuste salarial, dividido em duas parcelas de 2,25%. A categoria reivindica reposição salarial de 6%, referente ao dissídio de 2023. Conforme o diretor do Sindimetropolitano, Agenor Fernando da Luz, o valor deveria ter sido pago desde 1º de junho. 

“Está um mês atrasado. Tivemos várias tentativas, sem sucesso, então partimos para esta forma de mobilização para pressionar os empregadores”, afirmou ele, que hoje pela manhã estava junto a garagem da Transcal, em Cachoeirinha, fiscalizando a circulação dos ônibus. “A greve segue conforme determinada pela Justiça. Os ônibus que estão na rua vão circular. Estamos no aguardo para ver se os patrões chamam e possamos negociar”, acrescentou ele. 

O secretário-geral do Sindimetropoitano, Alessandro Araújo, ressaltou que os serviços deverão ser normalizados neste final de semana. A categoria não considera aceitável vincular reajuste salarial a aumento da passagem e quer o aumento de 6% sem que os passageiros sintam a medida no bolso. 

Questionado sobre possíveis hostilidades entre passageiros e motoristas quanto à adesão, ele disse acreditar que a maioria dos usuários compreendem a mobilização. “Até pedimos desculpas a eles, mas precisam compreender que é um direito que nós temos”, afirmou. O Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado (Setergs) disse, em nota, que, tão logo haja um posicionamento do Estado, “teremos condições de evoluir na negociação com os trabalhadores por meio do Sindimetropolitano com o intuito de encerrar a greve”. 

Sedur também se manifesta

Já a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Sedur) informou que o valor para a folha de pagamento está previsto por meio do Programa Emergencial de Compensações, que virou lei em dezembro de 2022. Em tese, o Estado aporta recursos para compensar o aumento do petróleo e, consequentemente, do diesel. O repasse, porém, está travado por uma ação popular em que um cidadão questiona a viabilidade de empresas devedoras do Fisco receberem o auxílio. 

A Sedur diz que o pagamento está no prazo por parte da Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan). “O Estado, através da Procuradoria-Geral (PGE-RS), prestou as informações solicitadas e confia no indeferimento do pedido liminar, a fim de que a política pública possa ser implementada no menor tempo possível, a fim de evitar ou minimizar transtornos aos usuários”, disse, também em nota.


Correio do Povo
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