Situação do Pop Center segue indefinida em Pelotas

Situação do Pop Center segue indefinida em Pelotas

Comerciantes alegam que estrutura do local não permite o distanciamento mínimo estipulado devido a pandemia

Angélica Silveira

Nesta terça-feira, policiais estavam em volta do Pop Center fiscalizando a não comercialização de produtos na rua

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Na segunda-feira terminou o prazo dado pelo município de Pelotas para que os camelôs deixassem de vender suas mercadorias na rua em volta ao Pop Center e passassem a trabalhar dentro do prédio. Entretanto, os trabalhadores seguem em frente ao centro de vendas e se recusam a trabalhar no interior do edifício. Eles alegam que o Pop Center não dá condições para que o decreto municipal seja cumprido.

Ainda na segunda-feira, fiscais passaram o dia no local. Conforme o comandante do 4º BPM, Tenente Coronel André Faccin, um trabalhador que estava vendendo suas mercadorias na calçada foi abordado pela polícia e guardou seus produtos. Uma outra mulher foi presa por estar vendendo cigarros contrabandeados.

“Nem soubemos se tem relação com o Pop Center, ou não”, disse.

A prefeitura, por meio de sua assessoria de comunicação disse que os ambulantes, a princípio, estão cumprindo as determinações de não comercializarem no lado de fora do Pop Center. “Quanto ao fato de ainda não terem voltado a comercializar seus produtos dentro do prédio, é uma questão que deve ser resolvida entre permissionários e gestores do Pop Center. À prefeitura cabe seguir acompanhando e fiscalizando se os protocolos, determinações constantes nos decretos e o uso de EPIs estão sendo cumpridos”, diz.

Sobre a questão do distanciamento, o município esclarece que o funcionamento do Pop Center deve ser realizado com o distanciamento mínimo de dois metros entre os presentes na área de circulação, ou seja, a distância não é entre bancas, mas entre as pessoas, com o objetivo claro de evitar aglomerações. Assim como ocorrem, por exemplo, nos supermercados.

Camelô há 30 anos, Carlos Pujol, de 62 anos, passou os dois dias em frente ao prédio do Pop Center. “Não vamos entrar. Vereadores, pertencentes a Comissão de Combate ao Coronavírus, trouxeram um técnico em segurança que constatou que é um prédio sem ventilação. Os seis corredores têm 1,80 metros entre as bancas enquanto que pelo decreto deveriam ter dois metros Queremos trabalhar, mas com segurança”, relata.

Ele conta que os camelôs acionaram a Justiça, por seus direitos. Outra questão discutida é o valor do aluguel.

“É o metro quadrado mais caro da cidade. Fizemos a proposta que neste tempo de pandemia, que não temos como ir comprar mercadorias, seria uma carência de três meses de aluguel e o pagamento de 50% do valor durante o ano”, relata. A contraproposta do gestor do Pop Center foi a isenção até o fim deste mês, o pagamento de 25% do valor em julho, 50% em agosto, 75% em setembro e a partir de outubro o pagamento do valor integral por parte dos camelôs.

Nesta terça-feira, policiais estavam em volta do Pop Center fiscalizando a não comercialização de produtos na rua. “Eles autuam e pegam a mercadoria. Duas portas do Pop Center foram abertas, mas não tem circulação de ar, só os ventiladores de cima. Os banheiros têm problemas na estrutura. Dizem que houve desinfecção, mas não acredito”, lamenta Carlos.

O Pop Center conta com aproximadamente 570 bancas. O vereador Marcus Cunha, que integra a comissão de Combate ao Coronavírus da Câmara, disse que irá encaminhar nesta quarta-feira, durante sessão do legislativo, que a administração reconheça que o local não tem as condições exigidas pelo Decreto.

“Vamos sugerir uma flexibilização durante a pandemia. Que algumas das 570 bancas entrem para o prédio e o restante trabalhe em uma estrutura provisória no estacionamento. Não é o ideal, mas é algo intermediário. Que as pessoas possam trabalhar naquele local que é mais ventilado. O Ministério Público está ciente do problema. Pediremos que a Vigilância Epidemiológica vá até lá e depois que a prefeitura reconsidere”, diz.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895