Temperatura do Oceano Pacífico se intensifica e “Super El Niño” não está descartado

Temperatura do Oceano Pacífico se intensifica e “Super El Niño” não está descartado

Projeções indicam para chuvas acima da média no Rio Grande do Sul

Correio do Povo

Os impactos do El Niño tendem a ser mais sentidos no Sul do Brasil agora a partir de setembro

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A formação do El Niño tem se intensificado nas últimas semanas e um cenário de anomalia forte para os próximos meses deve se confirmar, segundo análises da MetSul Meteorologia, que não descarta a possibilidade de um “Super El Niño”.  

De acordo com boletins da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), a agência de tempo e clima do governo dos Estados Unidos, um maior aquecimento das águas do Oceano Pacífico Equatorial tem sido registrado na denominada região Niño 3.4, que é usada oficialmente para definir se haverá El Niño ou La Niña e qual a intensidade do fenômeno.

O valor atingiu pela primeira vez a faixa de El Niño forte (+1,5ºC a +1,9ºC), mas serão precisas várias semanas neste patamar para se classificar o fenômeno como forte, o que a MetSul acredita que vai ocorrer. “Este evento deve ter seu pico de intensidade no último trimestre deste ano, entre a primavera e o começo do verão”, avalia o serviço de meteorologia, que alerta: “um cenário de Super El Niño, com anomalias acima de +2ºC por várias semanas seguidas, ainda não pode ser descartado”.

A perspectiva é que este evento de El Niño persista durante o verão. Projeções de modelos de clima apontam que ao menos até o outono de 2024 o Pacífico deve permanecer na fase quente, influenciando o clima ainda nos primeiros meses do próximo ano. Os impactos do El Niño tendem a ser mais sentidos no Sul do Brasil agora a partir de setembro. Segundo a MetSul, o fenômeno trará nos próximos meses chuva acima a muito acima da média com enchentes, temporais frequentes e ainda temperatura acima das médias históricas. 

Efeitos na safra gaúcha

Se por um lado o temor de chuvas acima da média geram apreensão de enchentes e impactos nas cidades, é no campo que os efeitos do El Niño são esperados com otimismo. Após duas safras consecutivas frustradas por estiagens, a produção gaúcha de soja, milho, arroz e feijão no ciclo 2023/2024 deverá chegar a 36,098 milhões de toneladas, um salto de 49,13% em relação ao período 2022/2023. Os dados foram apresentados ontem pela Emater/RS-Ascar, durante a 46ª Expointer, em Esteio.

Para os resultados se manterem positivos, contudo, será preciso atenção dos produtores, com foco no manejo fitossanitário para o controle de doenças e pragas. A expectativa de maior incidência da chuva, que pode ser um alívio, também se torna preocupante se ocorrer em excesso. “Vamos ter, ao que tudo indica, um El Niño moderado, forte ou até superforte. Isso pode trazer alguns prejuízos, vai atrasar o plantio de verão”, alerta o coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro), da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Flávio Varone.


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