Temporais provocam quatro mortes no Rio Grande do Sul

Temporais provocam quatro mortes no Rio Grande do Sul

Alguns municípios tiveram o equivalente a dois meses de chuva em dois dias

Luciamem Winck

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Os temporais que atingem o Rio Grande do Sul provocaram quatro mortes nesta segunda-feira. Em Ibiraiaras, dois homens morreram afogados depois de tentarem atravessar um rio. O veículo foi levado pela correnteza. Houve ainda uma morte provocada por descarga elétrica no bairro Cruzeiro, nas proximidades da rua Parobé, em Passo Fundo. Em Mato Castelhano uma pessoa desapareceu ao tentar cruzar um rio com uma caminhonete.

Volumes excessivos a excepcionais de chuva atingiram a Metade Norte do Rio Grande do Sul, especialmente entre a noite de domingo e esta segunda-feira, com marcas que em alguns pontos ultrapassaram os 300 mm. Um grande número de cidades do Centro para o Noroeste, Norte e Nordeste do Estado registraram volumes de chuva entre 100 mm e 250 mm.

Alguns municípios tiveram o equivalente a dois meses de chuva em dois dias, ou seja, choveu em 48 horas o que chove em dois terços da primavera inteira que é um período muito chuvoso do ano. As médias históricas de precipitação para o mês de setembro no Rio Grande do Sul, de acordo com a série histórica 1991-2020, são de 146,6 mm em São Luiz Gonzaga, 162,5 mm em Cruz Alta, 163,1 mm em Caxias do Sul, 165,5 mm em Passo Fundo, 169,9 mm em Bom Jesus e 175,1 mm em Iraí. Segue o alerta para enxurradas, cheias em arroios, inundações gradativas em rios e deslizamentos.

Mais ao Sul, a chuva foi muito menos volumosa, mas ainda assim caiu com elevados volumes em pontos mais a Oeste da Metade Sul com 95 mm em Dom Pedrito, 80 mm em Caçapava do Sul, 69 mm em São Gabriel, 66 mm em Encruzilhada do Sul e 52 mm em Bagé. Onde menos choveu foi na faixa entre o Chuí, Pelotas e Camaquã, no Sudeste. Os volumes excessivos no Rio Grande do Sul no fim de semana e segunda-feira são consequência da influência de uma área de baixa pressão com rio atmosférico que traz grande quantidade de umidade. De acordo com a MetSul Meteorologia, esse cenário, reforçado pelo avanço de uma frente fria pelo território gaúcho hoje, favorece intensa instabilidade com muitas descargas e chuva com volumes excessivos a extremos.

Em Passo Fundo, após tempestade com granizo, cerca de 20 residências tiveram os telhados danificados. Durante o dia, equipes da Defesa Civil Municipal realizaram levantamento das perdas e realizaram ações para desentupimento de bocas de lobo, desobstrução de três árvores caídas, sinalização das vias em mais de 12 pontos de alagamento, auxílio em algumas residências, retirada de detritos em algumas ruas no Centro por motivos de obras na via, contando com o auxílio da Força Voluntária de Passo Fundo. Já Santo Expedito do Sul, reportou pontos de alagamento na área urbana e quedas de árvores na zona rural. Lajeado do Bugre foi atingida por tempestade com granizo que danificou cerca de 20 residências.

Em Sarandi, o granizo danificou cerca de 40 residências. Na cidade de Boa Vista das Missões, as pedras de gelo danificaram cinco moradias. Em Ibiraiaras, a queda de uma árvore acabou por destruir uma casa, deixando quatro pessoas desalojadas. Em São Jorge, cerca de 30 residências tiveram danos em seu interior devido ao alto volume das chuvas, ocasionado pelo alagamento de várias ruas da cidade. Na região da Serra, diversos municípios reportaram chuvas intensas. Em Bento Gonçalves houve registro de vários alagamentos, com necessidade de intervenção dos bombeiros. Caxias do Sul voltou a registras alagamentos e quedas de árvores. 

Na cidade de Santa Maria, devido ao grande volume de chuvas e vento, houve queda de algumas árvores no bairro Salgado Filho. Já no bairro Nova Santa Marta, bombeiros foram acionados em razão da queda parcial de um muro, próximo a uma residência. Em Marau, a Defesa Civil municipal reportou que o nível de rios da cidade está subindo, trazendo transtornos associados. Em Nova Bassano, cerca de 35 residências tiveram danos em seu interior devido ao alto volume das chuvas, ocasionado pela inundação do Rio Sabiá, cujas águas avançaram para várias ruas da cidade, deixando 90 desalojados. Em Casca, vários pontos da cidade ficaram com ruas interditadas pelo alagamento. Um veículo foi arrastado pela chuva. Cerca de 10 casas ficaram alagadas. Estradas vicinais do interior do município estão com vários pontos interditados.

Em Nova Araçá, devido ao alto volume das chuvas houve o alagamento de várias ruas,  danos na via pública,  bueiros e pontes interditadas. Em Campestre da Serra, houve danos em várias estradas do município. Várias ruas e pontes foram interditadas. Já em André da Rocha, o Riacho Chimarrão transbordou, atingindo seis moradias e provocando a interdição da ponte sobre o Rio Turvo. Em Protásio Alves, o transbordamento dos rios da Prata e Turvo atingiu três residências, deixando nove pessoas desalojadas. Na cidade, houve queda de barreiras que provocaram bloqueios de estradas na zona rural. Três famílias ficaram desalojadas. Em Panambi, aproximadamente 20 residências atingidas por alagamentos.  O muro de uma delas desabou. Em Cruz Alta, chuvas superiores a 250 mm em 48 horas elevaram o nível de um barramento (açude) localizado na área urbana, colocando em risco em torno de 8 residências.


Correio do Povo
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