"Vi a morte na minha frente", diz sobrevivente da queda de ponte em Torres

"Vi a morte na minha frente", diz sobrevivente da queda de ponte em Torres

Leonardo Miranda, de 18 anos, afirma que aprendeu a nadar no momento do acidente

Chico Izidro

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O jovem Leonardo Miranda, 18 anos, ainda vê nítida em suas lembranças o grande susto que levou na madrugada de segunda-feira na ponte pênsil, no rio Mampituba, entre Torres e Passos de Torres, em Santa Catarina. Ao lado de mais três amigos, o estudante e morador da cidade gaúcha foi até a localidade vizinha, curtir uma festa de carnaval no domingo à noite. "Por volta das 2h50min da madrugada, a gente estava retornando e neste momento a polícia chegou e pediu para nos dispensamos", lembrou.

E conforme o garoto, as pessoas saíram correndo para a ponte, que acabou não suportando o peso de quase 100 pessoas. "Era muita gente e a ponte não aguentou o peso", disse. Leonardo e os amigos acabaram caindo. "Ainda bem que vai no meio do rio e não nas beiradas, onde têm muitas pedras", agradeceu.

Ele disse que não sabia nadar, mas aprendeu na marra. "Quando cai, não consegui me segurar em nada. Fui direto pras águas. O certo é que vi a morte na minha frente. Eu não achava o chão. Pânico, muito pânico. Aí fiz um esforço e sai nadando, até chegar na margem", emocionou-se.

Aviso da mãe

O estudante ainda lembrou da mãe, Cadige. "Coração de mãe é forte. Ela pediu para que eu não fosse na festa e nem atravessasse pela ponte, que era perigosa. Como se estivesse prevendo o acidente", garantiu. "Agora vou passar a escutar mais ela", disse.

Leonardo afirmou que a vida segue, mas ele tem uma nova visão sobre ela. "Ela é muito valiosa e vou me prevenir mais. E mesmo quando a ponte for consertada, nunca mais irei passar por ela", disse. "Os meus amigos também estão bem, traumatizados, mas bem. Isso vai passar logo", completou. 

Desaparecido 

Um jovem, identificado como Brian Grandi, segue desaparecido após o rompimento parcial da ponte. As buscas por ele prosseguem em um trabalho conjunto de autoridades. Grandi havia saído de casa para curtir o carnaval e deixou a sua bicicleta no lado gaúcho, bem no começo da ponte.

De acordo com o tio do jovem, Ériton Alves, ele estava conversando pelo telefone com uma das irmãs, Bruna, na hora do incidente. "Pouco antes do acidente, o Brian mandou uma mensagem pelo WhatsApp para a Bruna, dizendo que a festa havia acabado e ele iria atravessar de volta", relatou o parente. "E ele não quis pegar uma carona de carro pois tinha deixado a bicicleta na ponte e queria pegar ela de volta", disse. Ainda conforme Ériton, neste momento o telefone de Brian saiu do ar. "A polícia rastreou o telefone e constatou que ele parou de funcionar bem aqui na área do acidente", garantiu Ériton. 


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