Elissandro Spohr incentivou banda a usar pirotecnia na Boate Kiss, afirma promotora

Elissandro Spohr incentivou banda a usar pirotecnia na Boate Kiss, afirma promotora

Lúcia Helena Callegari afirmou que nunca houve na boate alguma instrução sobre como agir em incêndios

Correio do Povo

Promotora durante o décimo dia de julgamento

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Segunda a fazer a réplica como representante do Ministério Público, a promotora Lúcia Helena Callegari mostrou durante a sessão no plenário no Foro Central de Porto Alegre, um documento de relato de uma testemunha, em que o réu Elissandro Spohr teria incentivado a banda Gurizada Fandangueira a utilizar artefatos pirotécnicos na Boate Kiss. O pedido do acusado seria com a intenção de fazer o grupo musical entender que os fogos atraíam público para o estabelecimento. "Se assume ou não se assume o risco que as coisas aconteçam. E o que se diz às bandas? Vai estar lotado, então vocês têm que usar", afirmou no julgamento

A argumentação da promotora contrasta com o depoimento de Spohr. Na quarta-feira, o acusado afirmou que não tinha conhecimento sobre apresentações envolvendo os artifícios. "Nunca vi uma banda fazer aquilo", alegou na ocasião. Callegari também fez o plenário assistir uma reportagem onde são apresentadas as diferenças entre artefatos pirotécnicos para ambientes fechados e abertos. 

A promotora afirmou que o gás que matou as pessoas na Kiss, provocado do contato do fogo com as espumas no teto da casa, era o cianeto, mesmo utilizado nas câmaras nazistas durante o holocausto. “Imagine a dor que é morrer asfixiado sem conseguir respirar. O gás que matou foi usado nas câmaras de gases nazistas”, destacou. 

De acordo com a promotora, nunca houve na boate alguma instrução sobre como agir em incêndios, tampouco atenção ao estado dos extintores. "Se usava fogos sem buscar qualquer forma de controle". Callegari apresentou um vídeo durante a exposição dos seus argumentos de acusação. Ela mostrou um documentário com relato de sobreviventes afirmando que a Boate Kiss estava superlotada no dia da tragédia. Também questionou a influência do réu Mauro Hoffman, que alega ser um sócio apenas investidor, sem poder nas decisões administrativas. "Ninguém quer assumir responsabilidade", enfatizou.

Mais cedo, o promotor David Medina, primeiro a falar pelo MP, disse que os réus no Caso Kiss querem se isentar e culpar o poder público pelo incêndio em Santa Maria. "A que ponto nós chegamos: aqueles que colocaram fogo, se isentam da responsabilidade, atribuindo a culpa ao poder público", afirmou

O juiz Orlando Faccini Neto determinou intervalo na sessão de hoje. Após a pausa, a defesa dos réus terá direito a uma tréplica, antes dos jurados se reunirem em sala secreta para o veredito do julgamento. 


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