Israel anunciou neste sábado (4) que continua suas operações militares na Cidade de Gaza e alertou os palestinos deslocados para não retornarem às suas casas. A decisão desafia o apelo direto do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que exigiu que Israel interrompesse "imediatamente" os bombardeios após o Hamas ter aceitado o plano de paz.
O movimento islamita palestino havia afirmado na sexta-feira que está disposto a libertar os reféns de Gaza no contexto da proposta de Trump e, neste sábado, declarou-se pronto para negociar os últimos detalhes do acordo.
Trump comemorou a resposta, dizendo acreditar que o grupo está pronto para "uma paz duradoura" e apelou a Israel para "cessar imediatamente o bombardeio de Gaza" para garantir a libertação segura e rápida dos reféns.
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Bombas continuam
Apesar do apelo americano, os bombardeios não cessaram. Mahmud Basal, porta-voz da Defesa Civil do território, relatou que "foi uma noite muito violenta, durante a qual o exército israelense realizou dezenas de ataques aéreos e disparos de artilharia contra a Cidade de Gaza e outras áreas da Faixa, apesar do apelo do presidente" americano.
Diante do impasse, o Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos pediu neste sábado ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que "inicie imediatamente negociações" para implementar o plano, classificando como "essencial" o fim imediato da guerra.
O gabinete de Netanyahu respondeu que, "à luz da resposta do Hamas, Israel está se preparando para a implementação imediata da primeira fase do plano de Trump para a libertação de todos os reféns".
Questões pendentes
O plano de Trump, que Netanyahu disse apoiar, contempla um cessar-fogo, a libertação dos reféns israelenses em 72 horas, o desarmamento do Hamas e a retirada gradual do exército israelense de Gaza.
O Hamas declarou que aprova a libertação de todos os reféns (vivos e mortos) e afirmou neste sábado que está disposto a iniciar imediatamente o diálogo "para finalizar todas as questões".
No entanto, o grupo ainda não se pronunciou sobre exigências cruciais como a entrega das armas e sua retirada do território palestino. Um alto comando do Hamas informou à AFP que o Egito sediará uma conferência para um diálogo entre as diferentes facções palestinas para decidir o futuro de Gaza.
Violência persiste e apelos da ONU
Os relatos da Faixa de Gaza indicam que a violência continua intensa. Gritos de alegria pelo anúncio do Hamas duraram pouco, sendo logo seguidos por dezenas de bombardeios israelenses durante a noite.
- O Hospital Batista da Cidade de Gaza recebeu vítimas de um ataque que atingiu uma residência no bairro de Tufah, com quatro mortos.
- Em Khan Younis, o Hospital Nasser informou que duas crianças morreram e oito pessoas ficaram feridas em um ataque com drones contra um acampamento para deslocados.