O que esperar da vida nas cidades em 2024

O que esperar da vida nas cidades em 2024

Projeto especial do Correio do Povo reuniu jovens estudantes de escolas públicas e privadas para pensar o futuro

Karina Reif

Problemas e desafios das pequenas cidades e dos grandes centros urbanos estarão no foco de um ano eleitoral

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Em ano de eleições municipais, temas locais como mobilidade, planejamento urbano, serviços de limpeza, pavimentação e conservação de ruas ganham mais destaque nas discussões de quem vai escolher candidatos para administrar as cidades e vereadores para fiscalizar a gestão e propor projetos.

As recentes enchentes no RS mostraram deficiências na prevenção dos problemas causados por esses eventos e, na resposta aos atingidos, tornando esse tema um ponto prioritário na hora de estudar as propostas eleitorais.

Gabriel Etges, Fernanda Vargas, Maria Eduarda Menezes e Gabriela Ribeiro debateram assuntos dos municípios e pensaram em perspectivas | Foto: Ricardo Giusti

Para 2024, os jovens ouvidos pelo Correio do Povo esperam que as cidades onde vivem tenham melhor mobilidade para propiciar a integração entre pessoas de diferentes realidades em espaços públicos seguros e de fácil acesso. Durante atividade para pensar em perspectivas para os próximos 12 meses, os estudantes da rede pública e privada de Porto Alegre e de cidades do Interior avaliaram o lugar em que moram e o que iriam considerar para decidir o voto dos próximos prefeitos e vereadores em outubro próximo.

Ao fazerem um exercício de projetar as notícias que gostariam de ler sobre suas cidades, um dos pontos mais enfatizados pelos jovens como prioridade foi o uso dos espaços e, para isso, eles entendem a necessidade de incremento tanto a disponibilidade, como a qualidade do transporte público.

“As coisas ficam muito centralizadas em um local e as pessoas ficam dependendo de carro, o que acaba atrapalhando a mobilidade das cidades”, avalia a estudante do Colégio Farroupilha Maria Eduarda Menezes, de 16 anos. Fernanda Vargas, de 18 anos, aluna do Colégio Marista Rosário, acrescenta que o medo inibe a circulação de jovens por determinados espaços. “Tem lugares que eu gostaria de ir de noite, mas não me sinto segura.”

Para Gabriel Etges, 18 anos, também do Rosário, a dificuldade de mobilidade reforça o processo de gentrificação, o que preocupa ele e outros jovens. “O Centro Histórico de Porto Alegre se tornou um lugar muito caro, a periferia cresceu e o transporte público não chegou até lá”, diz.

Opções de lazer também estão entre as demandas dessa faixa etária. Falando sobre o interior do RS, a moradora de Montenegro Gabriela Ribeiro, de 18 anos, que estuda na Escola Sesi, tem expectativa em relação à oferta de atividades. “É importante a valorização da cultura local”, diz, ressaltando que os municípios precisam ter disponibilidade de cursos, por exemplo, para que os jovens não precisem se deslocar para outras cidades.

Atentos aos frequentes alagamentos pelo Estado, os jovens esperam que sejam feitos planejamentos de prevenção para a população que vive em áreas de risco. Eles têm debatido esse e outros assuntos e se sentiriam mais parte das cidades se os gestores públicos estimulassem a discussão de assuntos atuais entre os estudantes do Ensino Médio.

Bem informados, principalmente pelas redes sociais, eles esperam ver como notícia em 2024, a aprovação do novo plano diretor de Porto Alegre. Mas, pensando no Interior, projetam que o debate promovido na Capital poderia estimular as demais prefeituras a repensar os planejamentos urbanos, melhorando aspectos para o bem comum.

| Foto: Ricardo Giusti

Alguns projetos, eu, pessoalmente, vejo como um processo de gentrificação muito incisivo na cidade de Porto Alegre.

Fernanda Vargas 18 anos, Colégio Marista Rosário

| Foto: Ricardo Giusti

Na maioria das vezes, as ideias são bem pensadas, mas na hora que chega para fazer a execução, ela não é bem feita.

Gabriel Etges, 18 anos, Colégio Marista Rosário

| Foto: Ricardo Giusti

Faltam oportunidades do que fazer sem pagar. Onde moro, só tem o parque. Falta lazer, educação para os jovens. Não tem uma exposição, um teatro.

Gabriela Ribeiro, 18 anos, Escola Sesi Montenegro

| Foto: Ricardo Giusti

O Centro é um lugar muito bonito, mas os jovens não se interessam muito, porque falta investimento, tem muito trânsito, é difícil de chegar, não tem onde estacionar.

Maria Eduarda Menezes, 16 anos, Colégio Farroupilha

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