Polícia investiga elo entre líder do tráfico no Vale do Sinos e nova facção surgida em Porto Alegre

Polícia investiga elo entre líder do tráfico no Vale do Sinos e nova facção surgida em Porto Alegre

Laços entre Rodrigo das Correntes e Família do Sul foram revelados na Operação Senhores do Altomonte

Marcel Horowitz

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A união entre facções das zonas Sul e Norte de Porto Alegre tem sido o principal alvo do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), desde setembro. A organização criminosa 'Família do Sul' teria se formado para controlar pontos de tráfico, chegando a ter estatuto. Foi para frear essa aliança que 550 policiais civis prenderam 63 pessoas na Operação Senhores do Altomonte. O envolvimento de um suposto rival com a quadrilha, no entanto, intrigou os agentes, conforme apurou o Correio do Povo.

Mesmo já cumprindo pena na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), o traficante conhecido como Rodrigo das Correntes recebeu ordem de prisão preventiva. O homem de 40 anos é apontado como um dos líderes de uma facção com base no Vale do Sinos. O grupo aparece como inimigo no estatuto da Família do Sul. "Eles estão crescendo e nós, diminuindo. Temos que combater quem está vindo contra", diz um trecho do comunicado.

Chama atenção o fato de Rodrigo das Correntes continuar preso junto a antigos comparsas, na mesma galeria, contrariando o padrão adotado no sistema prisional quando um detento rompe com um grupo. No caso da Pasc, a facção dele ocupa parte da galeria B. A outra metade é ocupada pela Família do Sul.

Um relatório das forças de segurança indica que Rodrigo atuou como fornecedor para a Família do Sul. O Denarc confirma que ele é investigado por coordenar a importação de maconha do Paraguai, motivo que o manteve um ano na lista da Interpol, antes de ser capturado em outubro. O criminoso também comandaria a distribuição de crack e cocaína para municípios gaúchos, chegando a ser considerado o principal distribuidor de drogas em Eldorado do Sul, na região Metropolitana. 

O documento aponta que Rodrigo fornecia cocaína para o grupo de outro traficante, apelidado Nego André, que também cumpre pena na Pasc. Ele é tido como líder e fundador de uma quadrilha da Vila 27, na Vila Cruzeiro, zona Sul de Porto Alegre. 

Apesar de ter inicialmente concordado com a Família do Sul, Nego André rompeu com o grupo por discordar da participação de um antigo rival. O desentendimento o levou para uma cela na ala de isolamento, onde permanece. A investigação sustenta que o isolamento de André enfraqueceu o elo entre Família do Sul e Rodrigo das Correntes, que ainda ocupa posição de destaque na facção do Vale do Sinos. 

Nego André teve prisão preventiva decretada na Operação Senhores do Altomonte, mesmo isolado. A mãe e a esposa dele foram presas temporariamente, suspeitas de estarem repassando mensagens a subordinados.


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