Política

Câmara de Porto Alegre volta a discutir concessão do Dmae com protocolo de segurança similar

Após tumulto ocorrido no dia 15 de outubro, presidência vai adotar estratégia semelhante para lidar com manifestantes

Câmara de Porto Alegre foi palco de tumulto no dia 15 de outubro
Câmara de Porto Alegre foi palco de tumulto no dia 15 de outubro Foto : Ricardo Giusti

A Câmara de Porto Alegre vai começar a discutir o projeto de concessão do Dmae nesta quarta-feira. Líder da base, Idenir Cecchim (MDB) afirma que matéria é prioridade do governo, que pretende votá-la o quanto antes. O texto volta para pauta após tumulto na casa legislativa. Na ocasião, um conflito entre a Guarda Municipal e manifestantes deixou cincos vereadores da oposição e um deputado feridos. Em resposta, a Presidência estabeleceu um protocolo de segurança paradias atípicos”. A proposta, que é motivo de divergências, será deliberada pela Mesa Diretora e já deve entrar em vigor nesta quarta-feira.

O texto estabelece medidas similares às adotadas no dia em que se deu a confusão. O documento limita a capacidade do parlamento a 228 visitantes e restringe o acesso aos seus portões. Os procedimentos serão cabíveis de aplicação em datas onde se esperam manifestações públicas e/ou a apuração de matérias controversas.

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O protocolo é muito semelhante ao outro”, disse Comandante Nádia (PL), presidente do colegiado. A vereadora afirmou que forças policias, como Romu e Brigada Militar, estarão à disposição da Casa nos casos especificados. “Se essas forças serão acionadas, aí depende da situação”, complementou. De acordo com a liberal, criou-se uma narrativa falsa de que ela teria incitado a violência dos guardas. “Isso é mentira. A Assembleia Legislativa adotas as mesmas medidas de segurança e ninguém fala nada”.

O texto foi rechaçado pela oposição, que o considerou antidemocrático. "Os dias atípicos vão ser quando? Quando os movimentos sociais estiverem aqui dentro?", contestou Grazi Oliveira (PSol). Na mesma linha, o vereador Erick Dênil (PCdoB) entende que o projeto amedronta o povo, afastando-o da Câmara. “O protocolo limita a participação do povo justamente em dias de votações importantes. É uma medida autoritária e excludente.”

Entenda

  • O texto autoriza a Prefeitura a conceder à iniciativa privada os serviços públicos de saneamento básico

  • O documento estabelece que não estão inclusos os serviços de captação e tratamento de água.

  • O Executivo planeja desestatizar a distribuição de água tratada e o tratamento de esgoto. A medida não acarretará na demissão em nenhum dos servidores atuais da autarquia.

  • Protocolada em junho, a proposta está pronta para a votação. Recentemente, Idenir Cecchim (MDB) solicitou a aplicação do art. 81 da Lei Orgânica sob a iniciativa. O dispositivo dispõe que, quando um texto tem mais de 45 dias de trânsito e recebeu parecer favorável da CCJ, ele não precisa passar pelas comissões da Casa. A estratégia acelerou a tramitação da matéria.

  • Paralelamente, a Câmara de Porto Alegre criou duas comissões. Uma delas buscou investigar as acusações de corrupção, omissão e sucateamento da autarquia (CPI do Dmae). A outra procurou discutir os moldes da concessão do Dmae. Ambos os grupos já encerraram as suas atividades.