Com passe livre confirmado na véspera, 1º turno em Porto Alegre ocorreu com dúvidas sobre os ônibus

Com passe livre confirmado na véspera, 1º turno em Porto Alegre ocorreu com dúvidas sobre os ônibus

Assim como nas demais cidades do Estado, seções eleitorais tiveram longas filas neste domingo

Felipe Faleiro

Justiça garantiu, na véspera da eleição, passe livre na Capital

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Entre a manhã e a tarde do domingo, houve um intenso movimento nas seções eleitorais de Porto Alegre, e diversos eleitores tiveram dificuldades para encontrar seus locais de votação. Na PUCRS, um dos maiores colégios eleitorais de Porto Alegre, por exemplo, um homem com identificação do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS) foi abordado por, pelo menos, três eleitores diferentes, que buscavam informações sobre onde deveriam votar. 

A universidade abrange 9.089 votantes, mais 8.161 no Colégio Marista Champagnat, localizado nas dependências da PUC, somando 17.250 pessoas. Algumas reclamações estavam concentradas no passe livre para os ônibus da Capital, concedido pela Justiça depois de a 11ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) derrubar efeito suspensivo da Prefeitura de Porto Alegre. Diversos coletivos não apresentavam placas informando da gratuidade, ainda que, segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMU), todos os ônibus devessem trazer a indicação.

Questionada, a SMMU disse que, nos terminais da Antônio de Carvalho e Triângulo, os coletivos vistos “estavam ou com a placa ou com o letreiro eletrônico”. Havia também quem reclamasse da lotação no transporte público, que chegavam próximos aos locais de votação cheios e saíam lotados. A secretaria afirmou que a oferta de coletivos foi ampliada em 41% do que é normalmente oferecido aos domingos, e 20 ônibus reservas foram colocados à medida que houvesse necessidade. Fiscais nos terminais também reforçaram este acompanhamento.

Os telefones celulares nas cabines de votação também geraram diversas dúvidas. Pela primeira vez, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibiu seu uso durante a votação na urna eletrônica. Em alguns locais, eleitores afirmaram que não foi solicitado o aparelho, como na Escola Municipal Monteiro Lobato, em Novo Hamburgo. Em outras, houve relatos de que o celular foi exigido. Pela normativa, o aparelho deveria ser deixado em uma mesa específica junto à cabine de votação, fora do alcance do eleitor na urna.

“Me pediram o celular, e foi bastante tranquilo. O processo está rápido”, disse o empresário Alexandre Bernardes, morador da Tristeza, em Porto Alegre, e que votou à tarde na Escola Estadual de Ensino Fundamental Três de Outubro, no mesmo bairro. Muitos santinhos eleitorais também foram vistos em diversos pontos da zona Sul da Capital, junto aos locais de votação. As grandes filas antes do pleito também chamaram a atenção, como em algumas seções da própria Três de Outubro e no Colégio Santa Luzia, no bairro Cavalhada.

“Geralmente, o movimento maior se concentra em três horários: quando abrem as votações, ao meio-dia e no final da tarde”, disse o presidente da seção eleitoral 431, na Três de Outubro, Tiago Brasil Koch. No caso do colégio da Cavalhada, alguns lugares teriam sido modificados, gerando dúvidas e complicações por parte dos eleitores. O colégio, com oito seções eleitorais, é considerado referência para o atendimento de pessoas com deficiência visual, atendendo crianças e jovens com este tipo de condição. 

“Há boa acessibilidade e nos preparamos bem para estas Eleições”, afirmou a secretária da escola, Silvana Costa Rosa. Uma destas pessoas que votou no colégio foi Avner Ariel Rampinini da Rosa, 32 anos, que tem glaucoma congênito e cegueira total. Ele estava acompanhado da esposa, a professora Elen Pereira Lopes, 34. Ambos são moradores de Alvorada. “Aqui não troco por nada. Gosto bastante daqui porque é bem acessível", comentou. 

No entanto, ele, que teve o auxílio de um fone de ouvido para a votação, disse que “o áudio estava um pouco baixo”, e por isso relatou certa dificuldade. “Mas consegui me concentrar, entender e ficou tudo certo”, disse Rosa. Elen, por sua vez, justificou o voto. “É muito importante que pessoas com estas deficiências consigam participar do pleito e do processo democrático como um todo, pois mesmo quem tem cegueira, surdez ou outras condições também pode contribuir”, disse o 2º mesário da seção 340, onde votou Avner, José Thiago Oliveira Moreira.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895