Eduardo Leite abre palanque para Bivar mas não garante apoio a Simone Tebet

Eduardo Leite abre palanque para Bivar mas não garante apoio a Simone Tebet

Em solenidade para selar coligação do União Brasil com o PSDB no RS, tucano explicita impasse envolvendo o MDB

Flavia Bemfica

Luiz Carlos Busato, presidente estadual do União Brasil, durante anúncio de apoio ao ex-governador Eduardo Leite (PSDB), que disputará o Piratini

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O pré-candidato do PSDB ao governo do Estado, o ex-governador Eduardo Leite, anunciou na manhã desta quarta-feira que apoia a pré-candidatura do deputado Luciano Bivar, do União Brasil, à presidência da República. "O Luciano Bivar terá nosso vivo apoio. Terá nosso palanque a sua disposição. Confiança, eu sempre digo, é caminho de mão dupla." O ex-governador, contudo, citou condicionantes para abrir o palanque tucano também para a pré-candidata do MDB à presidência da República, a senadora Simone Tebet.

Apesar de nacionalmente o PSDB já ter deliberado pelo apoio a Simone e pela indicação do vice em sua chapa, Leite declarou nesta quarta que o PSDB está em uma discussão com o MDB em processo ainda de consolidação. "Há um processo de articulação no PSDB para oferecer talvez a vice da senadora. Vamos aguardar que este processo se consolide para que possamos compreender de que forma poderemos colaborar também. Neste momento a participação do União Brasil enseja nosso apoio a Luciano Bivar."

As declarações foram feitas em coletiva de imprensa após o café da manhã que selou o apoio do União Brasil à pré-candidatura tucana ao governo gaúcho, realizado na sede do UB. As condicionantes citadas por Leite são mais uma forma de o PSDB pressionar o MDB gaúcho para que este abra mão da candidatura própria e feche uma aliança com o tucano na corrida pelo Piratini, um embate que vem se desenrolando há meses e que rachou os emedebistas no Estado. 

As afirmações do tucano evidenciam também que o elevado grau de tensionamento nas relações entre o PSDB e a parte do MDB gaúcho que é contra o apoio ao ex-governador não baixou. Além da questão envolvendo a abertura do palanque ou não para a pré-candidata do MDB à presidência, Leite, ao tratar dos objetivos comuns do PSDB e do União Brasil, mais uma vez destacou que sua administração "virou o jogo em um Estado que não conseguia nem pagar as contas, e hoje tem seus compromissos em dia." A insistência de Leite em lembrar que pegou um Estado "quebrado" e com "contas e salários atrasados" incomoda demais o MDB gaúcho, já que o antecessor do tucano foi o emedebista José Ivo Sartori. Aliados já aconselharam Leite a evitar as manifestações públicas que desabonam a administração Sartori. Indiretamente, tanto o comando nacional como o estadual emedebistas enviaram recados no mesmo sentido. Internamente, eles avaliam que as manifestações não só afastam ainda mais a possibilidade de qualquer entendimento com as parcelas do MDB que preferem a candidatura própria como 'enterram' a tese de continuidade entre as duas administrações, usada pelos que defendem uma aliança.

Em outro momento da coletiva, ante o questionamento sobre se o União Brasil vai indicar o vice na chapa ao governo ou se a vaga continua em aberto para uma eventual aliança com o MDB, Leite foi taxativo. "Sobre a composição da chapa, a candidatura a vice será do União Brasil. A prerrogativa é dele. Se houver incorporação de outros partidos, o UB vai sentar e conversar sobre." Ao complementar a resposta, o presidente estadual do União Brasil, Luiz Carlos Busato, contudo, optou por adotar um tom mais ameno. "A vice não está decidida ainda porque achamos por bem esperar ante um cenário tão indefinido. Meu nome tem sido colocado, mas meu projeto é a pré-candidatura a deputado federal. Nosso projeto não é de poder. Então, se houver outra sigla, avaliaremos e submeteremos o nome ao Eduardo."


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