Eleições 2024: Rosário abre estratégia de polarização com Melo na Capital

Eleições 2024: Rosário abre estratégia de polarização com Melo na Capital

No lançamento das discussões de um plano de governo, petistas e aliados atribuem ao emedebista principais problemas enfrentados pela cidade

Flavia Bemfica

Ex-aliado do prefeito, Fortunati se engajou na pré-campanha da deputada em 2024

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O PT e as siglas que apoiam a pré-candidatura da deputada federal Maria do Rosário (PT) à prefeitura de Porto Alegre fizeram, no sábado, novo movimento de antecipação dos debates sobre as eleições municipais na Capital. Intitulado #PortoAlegreSIM, o evento lotou o auditório e parte das áreas de circulação do Hotel Embaixador, no Centro, e teve como mote o lançamento dos debates sobre o plano de governo da chapa.

A partir de negociações que se consolidaram ainda no ano passado, na Capital o PT estará à frente, em 2024, de uma coalizão que reúne, por enquanto, outras quatro siglas: PSol, PCdoB, PV e Rede, divididas em duas federações partidárias. O Psol ficou com a vaga de vice na chapa, que será ocupada por Tamyres Filgueira.

Com divulgação de cartazes e vídeo, discursos inflamados, presença no palco de três ex-prefeitos (Olívio Dutra, Raul Pont e José Fortunati), distribuição de folders e diferentes modelos de adesivos com a inscrição ‘Fora Melo’, o evento serviu como prévia da estratégia que a aliança pretende consolidar na pré-campanha na Capital. A de colar no atual prefeito e candidato à reeleição, Sebastião Melo (MDB), a imagem de mau gestor, cuja administração não atenderia as principais demandas da cidade.

Em sua manifestação, Rosário, à frente de uma coligação de partidos do campo à esquerda, identificados com o governo do presidente Lula, evidenciou a polarização que deve protagonizar com Melo. Ele vai liderar uma aliança integrada por grandes siglas do campo da direita, e que tem como um dos pilares o eleitorado identificado com o bolsonarismo. A deputada fez isto elencando os pontos nos quais o PT e seus aliados vão se concentrar desde já.

“Temos a ausência de uma prefeitura, de um prefeito. Há de se dizer isto na eleição, porque a eleição é o momento da prestação de contas. Deixaremos nítida a triste perda de qualidade da nossa gente, que tem nome e sobrenome: Sebastião Melo. Ele é o responsável pelo abandono que a cidade vive”, criticou.

Na sequência, ela afirmou que Porto Alegre passa por um período de desmonte das estruturas públicas, e que a linha da atual administração é a de privatizar e terceirizar. Citou a insuficiência de vagas na Educação Infantil, a especulação imobiliária e os problemas na qualidade do transporte público. Prometeu “examinar com lupa” a desestatização da Carris, caso vença a eleição.

Mas centrou fogo de fato nas recorrentes faltas de energia elétrica, atribuindo também a Melo responsabilidade sobre a polêmica estadual a respeito dos problemas nos serviços prestados pela CEEE Equatorial. A deputada vinculou as interrupções de energia à falta de água em pontos da cidade, e, ambos, ao projeto liderado pelos emedebistas. “Vemos um desmonte do abastecimento de água porque há um plano na cidade. Não satisfeita com a privatização da energia elétrica, a atual gestão tem como projeto privatizar o Dmae. Nós não vamos permitir.” Após o lançamento no Centro, a coligação vai estabelecer um calendário de debates por regiões da cidade.

Papel de Fortunati ainda está em aberto

Ainda é dúvida entre lideranças das federações PT/PCdoB/PV e PSol/Rede o papel que pode ser desempenhado na campanha pelo ex-prefeito e ex-aliado de Sebastião Melo, José Fortunati. Na semana passada, ele assinou ficha no PV. No sábado, durante a sucessão de críticas à administração do emedebista, Rosário estava posicionada bem próxima de Fortunati no palco, e, em diferentes momentos, se dirigiu a ele diretamente.

O ex-prefeito, que começou a vida partidária no PT e foi vice de Raul Pont entre 1997 e 2000, em 2002 migrou para o PDT. Pelo partido de Brizola, foi vice de José Fogaça (MDB) em sua segunda gestão, a partir de 2009. Assumiu a prefeitura no ano seguinte, quando Fogaça saiu do cargo para concorrer ao governo. Em 2012, ainda no PDT, se reelegeu no primeiro turno, com Sebastião Melo (MDB) como vice.

Em 2018 foi para o PSB. Depois, em 2020, ingressou no PTB e entrou novamente na corrida pela prefeitura, tendo Melo entre os adversários. Apesar de bem posicionado nas sondagens eleitorais, na semana que antecedeu o primeiro turno Fortunati retirou a candidatura. A decisão ocorreu após o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) acatar recurso de um candidato a vereador da coligação que apoiava Melo, sobre filiação fora do prazo do candidato a vice de Fortunati, o que acabaria por impugnar toda a chapa. Inicialmente, sua aliança divulgou que cabia recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mas, na sequência, no mesmo dia em que Fortunati retirou a candidatura, o PTB anunciou apoio a Melo.

No ano seguinte ao imbróglio, o ex-prefeito trocou o PTB pelo Pros. Em 2022, foi para o União Brasil. E, agora, migrou para o PV.

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