Moro chama Lula para debate "olho no olho" sobre corrupção

Moro chama Lula para debate "olho no olho" sobre corrupção

Ele convidou o candidato, via Twitter, a se encontrar para discutir o tema no dia 17, quando o ex-presidente estará em Curitiba

R7

De acordo com Moro, Bolsonaro e Lula representam dois extremos no Brasil

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O candidato ao Senado pelo Paraná Sergio Moro (União Brasil) disse, em mensagem ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que quer debater corrupção com o ex-presidente durante sua ida a Curitiba, no próximo dia 17, "olho no olho". Moro era juiz federal na capital paranaense. Ele condenou Lula no caso do tríplex do Guarujá a 9 anos e 6 meses de prisão. Contudo, essa e outras três ações foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021.

O relator dos casos, ministro Edson Fachin, acolheu tese da defesa do ex-presidente de que não era competência da 13ª Vara Federal de Curitiba conduzir esses processos por não haver ligação direta com a corrupção na Petrobras, tema investigado pela Operação Lava Jato no Paraná. A decisão foi confirmada pelo plenário da corte.

Ministro da Justiça e Segurança Pública

Moro largou a magistratura para assumir, em 1º de janeiro de 2019, o comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro (PL). Ele foi o primeiro ministro do governo a tomar posse.

Em 24 de abril de 2020, após 16 meses no cargo, ele pediu demissão e rompeu com presidente da República por uma suposta interferência na Polícia Federal (PF). A saída ocorreu após Bolsonaro exonerar o chefe da corporação, Maurício Valeixo, braço-direito do ex-juiz da Lava Jato. 

Filiação ao Podemos

Em 10 de novembro de 2021, Moro se filiou ao Podemos. A intenção era a pré-candidatura à Presidência da República nas eleições de 2022 como porta-voz da chamada "terceira via". Na data, em um auditório lotado, Moro falou como presidenciável, relembrando sua carreira e a atuação no combate à corrupção. Durante o discurso, ele fez menção ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"O Brasil foi roubado como nunca foi antes na história deste país. Meu objetivo ao entrar no governo era melhorar a vida das pessoas", disse. "Chega de corrupção, mensalão, petrolão, rachadinha, chega de orçamento secreto. Chega de querer tirar vantagem em tudo e enganar o povo brasileiro", disse. Os números de Moro, no entanto, não evoluíram nas pesquisas como se esperava e a situação no partido ficou complicada.

União Brasil

Em 31 de março de 2022, Moro mudou de partido — foi para o União Brasil. A expectativa de disputar a Presidência da República pela sigla, no entanto, foi frustrada quando Luciano Bivar foi escolhido para concorrer ao cargo. Depois, desistiu e foi substituído por Soraya Thronike.

Moro então mudou mais uma vez os planos — ele concorreria a uma vaga no Senado por São Paulo. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) paulista, no entanto, barrou a mudança de domicílio eleitoral dele para o estado. Moro ainda poderia tentar reverter a situação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas não contestou o impedimento e se candidatou pelo Paraná — onde disputa a vaga com seu antigo aliado do Podemos, Álvaro Dias.

Busca e apreensão

No último dia 3, a Polícia Federal cumpriu um mandado de busca busca e apreensão na casa de Sergio Moro. A determinação era que fossem recolhidos materiais irregulares de campanha. Segundo a defesa de Moro, nada foi apreendido na residência.

O endereço foi informado à Justiça Eleitoral como sendo o do comitê central de campanha. O pedido do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) ocorreu em uma representação da Federação Brasil da Esperança, composta pelo PT, PCdoB e PV, que aponta que o nome dos suplentes nos materiais da campanha estão em tamanho inferior a 30% do nome do titular, como prevê a legislação eleitoral.

Na decisão, constam quatro materiais impressos que, segundo a Justiça, estão em desconformidade com as regras eleitorais. Um dos casos é um adesivo no qual, segundo análise da decisão, os nomes dos suplentes têm apenas 9% da altura do nome de Moro e 8% da largura. "Assim, tem-se que não houve cumprimento à determinação legal", informa a decisão.

A Justiça também determinou a remoção, no prazo de 48 horas, de 100 links em redes sociais sob pena de multa diária de R$ 5 mil e a regularização da propaganda eleitoral gratuita na TV. Segundo o parecer, nos conteúdos das redes sociais, "o candidato sequer menciona o nome dos suplentes, em absoluta inobservância à legislação eleitoral".

Em nota, o advogado Gustavo Guedes, que representa Moro, afirmou que a busca ocorreu sob alegação de que os nomes dos suplentes no material de campanha não estariam no tamanho padrão exigido. "Todavia, isso não corresponde com a verdade. Os nomes estão de acordo com as regras exigidas, sendo assim, a equipe jurídica pedirá a reconsideração da decisão", diz o texto.

A nota afirma, ainda, que "a busca e apreensão foi feita na residência, uma vez que o endereço foi indicado no registro da candidatura" e que, no local, nada foi apreendido. Pelo Twitter, o candidato repudiou a representação feita pelo PT. "Hoje, o PT mostrou a 'democracia' que pretende instaurar no país, promovendo uma diligência abusiva em minha residência e sensacionalismo na divulgação da matéria. O crime? Imprimir santinhos com letras dos nomes dos suplentes supostamente menores do que o devido. Nada comparável aos bilhões de reais roubados durante os Governos do PT e do Lula. Não me intimidarão, mas repudio a tentativa grotesca de me difamar e de intimidar minha família", disse.


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