‘RS é berço de um PSDB nanico’, avalia Rafael Bortoletti

‘RS é berço de um PSDB nanico’, avalia Rafael Bortoletti

Eleição do prefeito em Viamão foi um dos bons resultados do partido no Estado, e gestor terá sete vereadores tucanos em uma base de 16

Correio do Povo
Gestor classificou sua candidatura como o

Gestor classificou sua candidatura como o "único" quadro diferente

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*Diego nuñez e Flávia Simões

Aos 35 anos, Rafael Bortoletti (PSDB) é o mais jovem prefeito eleito para comandar Viamão e dará continuidade à gestão tucana que está à frente da prefeitura há 12 anos. Nesta entrevista, o gestor detalha planos e metas de sua gestão, como a concessão do maior parque da cidade, e avalia como o seu partido saiu das urnas. A conversa com Bortoletti faz parte da série especial do Correio do Povo com prefeitos eleitos no Rio Grande do Sul em 2024.

A entrevista completa pode ser acessada no canal do Correio do Povo no Youtube ou através das principais plataformas de podcast.

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A seguir, os principais trechos.

  • Quais são os principais desafios de Viamão?

Meu desafio principal é a geração de emprego e renda. Viamão é três vezes maior que Porto Alegre, tem por volta de 256 mil habitantes, e ainda estamos lá no décimo primeiro lugar em termos de economia no Rio Grande do Sul. Esse é um avanço necessário para que todas as outras pautas, como saúde, educação e segurança pública também tenham uma elevação. E não exatamente criar caixa para a prefeitura tocar projetos, geração de emprego é fábrica.

  • Como pretende fazer isso?

São algumas questões que me favorecem. A enchente, é até difícil falar isso, mas trouxe para a minha cidade possibilidades. Viamão, hoje, geograficamente, está sendo enxergada pelas empresas de forma diferente. Esse é o primeiro passo. O segundo passo é a questão fiscal. Eu já mandei levantar todos os dados do nosso município em termos de benefícios, de incentivos, de impostos. Nós modernizamos a questão fiscal da nossa cidade.

  • Já são 12 anos de PSDB em Viamão. Isso beneficia ou atrapalha sua gestão?

Esse desafio já foi enfrentado na própria campanha. A cidade queria mudança independentemente do partido. A escolha do meu nome foi exatamente pensando nisso. Ao mesmo tempo que o PSDB representava a continuidade de um projeto, a figura mais jovem, com ideias diferentes, com postura diferente, o único candidato diferente era eu. Os meus projetos eram completamente diferentes dos que já tinham sido entregues até então pelo PSDB.

  • Houve um certo desgaste no processo de escolha do seu nome, uma vez que o candidato natural seria Nilton Magalhães, o atual prefeito?

Como é feita a democracia: senta-se à mesa, se discute, se busca a melhor solução, se constrói. Nem sempre é unânime, nem sempre as pessoas saem felizes, mas acho que se construiu o nome correto.

  • Pretende fazer uma reforma administrativa?

Vou fazer, sim, uma reforma administrativa, não tão estrutural, não tão robusta, mas mudar algumas peças, tornar o governo um pouco mais objetivo e enxuto no que eu quero entregar. A criação do escritório de licenciamento, do escritório de captação, uma embaixada em Brasília, uma Secretaria de Comunicação, uma Secretaria de Segurança Pública. É objetivar mais o governo. Não saem secretarias, mas saem cargos.

  • O que o antigo governo deixou de entregar?

Eu acho que por nós termos assumido em 2021, um período de pandemia onde se era necessário entregar saúde pública o mais rápido possível, com uma doença que pouco se conhecia sobre ela, assumir naquele momento nos afastou da população, porque tu precisava entrar dentro de uma sala e resolver os problemas.

  • Uma questão importante para as cidades da Grande Porto Alegre é o transporte metropolitano e a integração do sistema coletivo. Quem tem que resolver essa questão?

Quem tem que liderar o processo tem que ser as prefeituras, mas o governo do Estado é o principal agente resolutivo.

  • O atual prefeito de Viamão manifestou a intenção de conceder o Parque Saint-Hilaire. O senhor vai dar continuidade a esse projeto?

A gente entende que o Saint-Hilaire é um parque que precisa da iniciativa privada. A prefeitura não tem expertise para tocar um negócio daquele tamanho. Mas não é cobrar a entrada de ninguém, o parque continuaria sendo aberto para todos, o que se vai cobrar é o que vai se ofertar além do serviço, o extra. Quer andar com patinete, bom, patinete custa R$ 2,00, R$ 3,00. Quer jantar, vai ter restaurante à tua disposição.

  • O PSDB teve um péssimo desempenho nacional, mas teve uma sobrevida no RS. O Estado é uma nova base política dos tucanos?

O Rio Grande do Sul poderia ter ido muito melhor. A gente governa o Estado e perdemos prefeituras estratégicas, como Pelotas. Foi um resultado que ninguém imaginava. Reelegeu prefeituras que eram importantes como Santa Maria, Caxias e Viamão, trouxemos Gravataí com Zaffalon, mas ao mesmo tempo o PSDB vai ter que se reinventar como partido. O Rio Grande do Sul, sim, é o berço do PSDB, mas o berço de um PSDB nanico. Eu vou fazer até uma crítica ao meu partido. Eu fui prefeito, eleito, com sete vereadores. Hoje, o melhor resultado do Estado do Rio Grande do Sul, do PSDB, foi o meu. Foi da sigla PSDB de Viamão. Eu não recebi uma ligação da presidente do meu partido me dando parabéns. Vejo que o partido está se deteriorando. Não está tendo o papel fundamental que um partido tem que ter de cuidado com as suas lideranças, de avanço sobre outras lideranças. De olhar para si mesmo. Se a gente ficou pequeno, a gente tem a possibilidade de tratar melhor os que ficaram. Ser mais artesanal. Menos Ford, mais Ferrari.

  • O senhor foi denunciado por supostamente ter participado de uma inauguração no Parque Saint-Hilaire. Como está esse processo? Preocupa a possibilidade de perder o mandato?

Não, estou muito tranquilo. Entreguei provas robustas de onde eu estava. Viamão é um pouco disso, um pouco provincial. É a quarta eleição que o nosso partido ganha e a quarta vez que denunciam a gente pedindo a cassação de mandato. Não é algo que me tira o sono.

  • Não estava nesse evento?

O georreferenciamento mostrou que eu não estava na inauguração do parque. Nem era inauguração, foi o aniversário da cidade. Então, nem inauguração teve e nem eu estava lá, nem na hora do show, nem em momento algum.


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895