Shallow fakes, doxxing, swarming: saiba quais são os tipos de violência contra a mulher na Internet

Shallow fakes, doxxing, swarming: saiba quais são os tipos de violência contra a mulher na Internet

Especialmente na política, as mulheres têm sido vítimas mais frequentes de diversos crimes, especialmente nas redes sociais

Flávia Simões

Ato denúncia violência contra as mulheres

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O Dia Internacional da Mulher é uma data, para além do simbolismo, que comemora uma conquista política. Há mais de dois anos, as mulheres brasileiras também conquistaram outro direito: a tipificação da violência política de gênero como crime passível de pena com reclusão de 1 a 4 anos, além de multa. Garantir mecanismos legais de proteção contra uma violência que é, infelizmente, realidade dentro dos espaço de poder, é um dos passos para tornar a política mais igualitária. Porque, cabe lembrar, as mulheres são 52% do eleitorado, mas não chegam à 30% no Congresso Nacional, nas prefeituras, câmaras e governos.

É importante lembrar que esse tipo de violência não se restringe ao olho no olho, ao contato físico. A internet é um prato cheio para a propagação de calúnia e discurso de ódio contra candidatas, mandatárias e eleitoras.

O glossário abaixo traz a definição de práticas e formas de discriminação que podem ser cometidas na internet e atingem, quase que exclusivamente, mulheres. Saber identificar e conseguir denunciar esse tipo de ação é um caminho que deve, cada vez mais, ser seguido. Confira:

“Cheapfakes” / “Shallow Fakes”: são a manipulação de conteúdos audiovisuais sem o uso de inteligência artificial (IA), a partir de montagens, alteração de plano de fundo ou cronologia para modificar a percepção do vídeo.

Deep Fakes: são imagens criadas ou alteradas por tecnologias de inteligência artificial (IA) que podem alterar também voz, imagens ao vivo, entre outros, para parecer que alguém fez, falou ou presenciou algo sem que a pessoa tenha de fato feito, dito, presenciado, etc.

Doxxing: esse tipo de violência envolve a publicação não autorizada de dados sensíveis, como endereço residencial, número de telefone e outras informações pessoais, com o objetivo de causar
danos à vítima. Por exemplo, uma mulher que sofre ameaças online pode ter seu endereço divulgado, o que potencialmente aumenta seu medo e ansiedade em relação à sua segurança pessoal.

Mobbing: forma de ação coordenada em que um indivíduo é alvo de hostilidade persistente e repetitivo por parte de um grupo. Envolve ataques coordenados por múltiplos usuários contra uma pessoa, geralmente por meio de plataformas de mídia social, fóruns ou outros espaços digitais.
Trolling: o termo “troll” é usado para descrever o comportamento de alguém que posta mensagens deliberadamente provocativas ou desorientadoras, com a intenção de atrair as pessoas para uma resposta emocional ou para perturbar a discussão normal.

Sextortion: quando a extorsão é feita com ameaças do uso de imagens ou fotos de momentos íntimos obtidos com ou sem o consentimento da pessoa ameaçada.

Spyware/stalkerware: quando alguém faz uso de aplicativos ou aparatos com a finalidade de monitorar alguém sem o seu consentimento. Muitas vezes atuam por meio de vírus e conseguem
acesso à câmeras, localização e demais informações dos aparelhos eletrônicos de uso individual de alguém.

Swarming: semelhante ao mobbing, é uma espécie de ataque online em que um grande número de usuários converge simultaneamente para atacar um alvo específico. É, em geral, um ataque de curta duração, mas com alta intensidade. Os perpetradores podem usar várias plataformas de forma simultânea para inundar a vítima de mensagens hostis, e até ataques cibernéticos, como hacking ou
doxxing (divulgação de informações pessoais). Visa sobrecarregar e desestabilizar psicologicamente a vítima.

Swatting: nomeado assim em referência ao "Special Weapns and Tactics (SWAT)", o termo 'swating' designa o ato de fazer falsas acusações à polícia a respeito de alguém para causar disrupção.

Shadowbanning: significa a redução de visibilidade ou restrição de forma opaca a determinado perfil ou conteúdo. Assim, alguns conteúdos são “banidos” ou não distribuídos para o público sem que o seu produtor possa saber o real motivo.

Shadowpromotion: em oposição ao “shadowbanning”, o termo 'shadowpromotion' é a promoção, também arbitrária, de determinados conteúdos nas redes, como desinformação e discurso de ódio. Ambas as práticas são problemáticas e sinalizam preferências “ocultas” dos sistemas de recomendação das plataformas.

O glossário acima foi feito com base no material produzido pela FGV Rio Direito, sobre a liberdade de expressão e a violência política de gênero e raça nas redes sociais. O Correio do Povo entrevistou a idealizadora do projeto, Yasmin Curzi, sobre o trabalho produzido e a realidade das mulheres que decidem ingressar na arena pública. Confira.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895