Nunes Marques defende empatia com mulheres, e Cármen Lúcia rebate: "Precisam de respeito"; veja

Nunes Marques defende empatia com mulheres, e Cármen Lúcia rebate: "Precisam de respeito"; veja

Ministros analisavam caso de candidata que recebeu nove votos nas eleições de 2020 e alegou ter sido abandonada pelo partido

R7

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Em sessão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desta terça-feira, os ministros Nunes Marques e Cármen Lúcia protagonizaram uma discussão sobre mulheres na política e casos de candidaturas femininas fictícias com fraudes comprovadas da chamada cota de gênero.

Os ministros analisavam um caso de uma candidata que recebeu nove votos nas eleições de 2020 e alegou ter sido abandonada pelo partido. Ao votar, o ministro Nunes Marques disse que há uma tentativa de cumprimento da norma eleitoral na busca de mulheres que se dispunham a se candidatar. "Aquela senhora humilde que todo mundo a conhece, quase uma figura folclórica, e os partidos a disputam e a convidam para as eleições e, a partir do momento que ela se filia, há um completo abandono. A gente precisa ter empatia com essas mulheres que se candidatam e são abandonadas pelo partido. Não é fácil para uma mulher simples, abandonada conseguir nove votos, e é comum", disse. 

O ministro foi logo interrompido pela ministra Cármen Lúcia, que afirmou que as mulheres não querem empatia, mas respeito aos nossos direitos. "A Justiça Eleitoral tem a tradição de reconhecer como pessoa dotada de autonomia e não precisar de amparo. Isso é o que nós não queremos ministro. E entendo quando o senhor afirma de uma forma que soa paternal dizendo que haja empatia. É preciso que haja educação cívica", disse. 

Segundo Cármen Lúcia, não se pode desvalorizar e achar que mulheres são coitadas. "Porque nós não somos. Devemos ser tratadas como pessoas iguais aos homens", afirmou. "Muitas vezes os homens são coitados e não são vistos assim. A desigualdade está nesse tipo de tratamento. É preciso que nos olhem com respeito. Quando a Justiça eleitoral vota no sentido de uma mulher participar de uma eleição é para que ela possa postular e ir à luta. Os partidos abandonam vários candidatos", disse. "Nós queremos igualdade. Não queremos, de jeito nenhum, mais desvalor. Não somos coitadas, somos cidadãs e estamos fazendo nosso papel. Da justiça não se quer empatia, se quer cumprimento da lei. Empatia temos nós, seres humanos, uns com os outros". 

Logo depois, o ministro Nunes Marques disse que não tem procuração para falar de ninguém, mas que é preciso aparelhar a justiça e dar armas para que as mulheres participem forma igual. "Quem julga sem sentimento julga sem empatia. Vou continuar tendo sensibilidade e proferindo minhas sentenças de uma forma que eu entendo que é mais sensível", disse o ministro. 


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