Operação na Smed reforça papel de CPI da Educação em Porto Alegre

Operação na Smed reforça papel de CPI da Educação em Porto Alegre

Câmara de Vereadores teve duas CPIs abordando tema, que volta à tona com a realização da Operação Capa Dura da Polícia Civil

Flávia Simões

Idenir Cecchim e Mari Pimentel estiveram à frente das comissões

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A Operação Capa Dura da Polícia Civil, que investiga compras feitas pela Secretaria de Educação de Porto Alegre, deflagrada nesta terça-feira, trouxe à tona aquilo que foi assunto durante todo segundo semestre de 2023 na Câmara de Porto Alegre: as CPIs da Educação. Agora, vereadores – da base e da oposição – reforçam a atuação da comissão que tinha as compras como objeto de investigação. Apesar disso, os resultados contradizem declarações de aliados à época.

O início das investigações pela Casa, que tinha como objeto de análise a compra de livros, materiais pedagógicos, telas interativas, kits de robótica e chromebooks feitas pela pasta da Educação, foi intenso. A base governista propôs a criação de uma CPI, assim como a vereadora Mari Pimentel (Novo), independente. O resultado foram duas comissões com o mesmo objetivo e ao mesmo tempo. Uma, presidida por Mari; outra, pelo líder do governo, Idenir Cecchim (MDB).

Apesar disso, a condução dos trabalhos na comissão 'de oposição' só fluiu após a base, através da mesa diretora – onde tem maioria – barrar a indicação do vereador Roberto Robaina (PSol), feita por Mari, para a relatoria. Após, ambas as CPIs seguiram trabalhando em conjunto, com o mesmo relator, o vereador Mauro Pinheiro (PL). "A operação policial comprova que o nosso trabalho estava certo. E tentaram impedir minha relatoria porque sabiam que seria mais severa (o relatório)", disse Robaina, referindo-se aos ocorridos nesta manhã.

Ao longo das sessões, 12 oitivas foram realizadas. Inclusive com as ex-servidoras Michele Bartzen e Mabel Vieira, a ex-secretária de Educação, Sônia Maria da Rosa, e o empresário Jailson Ferreira da Silva. "Eu imaginei que iria acontecer (as investigações), mas não sabia quando. O objetivo da CPI era trabalhar junto com os órgãos de investigação", resumiu Mari.

Críticas à “politização”

A atuação dos vereadores de oposição, no entanto, era frequentemente criticada por vereadores da base, inclusive do prefeito Sebastião Melo (MDB). As acusações eram de que os parlamentares tentavam politizar a comissão. A vereadora do Novo, que conduziu uma parte dos trabalhos (alternando com Cecchim), foi o alvo principal. Isso resultou em um baque político, dentro e fora do plenário.

"Se trouxe muito a narrativa de que eu estava fazendo tempestade em copo d'água, que queria me aproveitar (da CPI) para crescer politicamente, que não sabia como lidar com a política. Teve uma força muito grande, principalmente do vice (prefeito, Ricardo Gomes), para minar as bases que eu faço parte, com o discurso de que eu queria arruinar o governo e me aliar à oposição", relatou Mari. Robaina, afastou, inclusive, possíveis relações políticas entre ele e a vereadora, relembrando que eles não pertencem ao mesmo espectro político, mas tinham um interesse comum: combater a corrupção na secretaria. "Os presos são exatamente os presos que apontávamos que estavam envolvidos", pontuou.

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Ainda assim, agora, vereadores da base ressaltam o trabalho feito pela CPI. Pinheiro, que foi relator no processo, seu relatório apontou que os órgãos de fiscalização continuassem as investigações. O discurso foi reforçado por Cecchim, que alegou ainda não ser possível "culpar ou inocentar alguém sem o devido processo legal".

O relatório realizado por Pinheiro, no entanto, não apontou demais irregularidades a não ser problemas de logística e armazenamento, apesar de recomendar investigações. Um outro documento foi feito por Mari e entregue aos órgãos de fiscalização após o final dos trabalhos, no início de dezembro.


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