Veja os próximos passos da PEC das Drogas após CCJ do Senado aprovar proposta em reação ao STF

Veja os próximos passos da PEC das Drogas após CCJ do Senado aprovar proposta em reação ao STF

Avanço do texto é uma reação ao julgamento no STF sobre a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal

Estadão Conteúdo

Proposta segue para análise do plenário da Casa. Em seguida, ainda precisar passar pelo crivo da Câmara

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A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira, 13, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que proíbe o porte e a posse de drogas em qualquer quantidade. O avanço do texto é uma reação ao julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal. Com aval do colegiado, a proposta segue para análise do plenário da Casa. Em seguida, ainda precisar passar pelo crivo da Câmara.

A tramitação da PEC ocorre ao mesmo tempo que o STF analisa um processo sobre o consumo da maconha para uso pessoal. A tendência é que a Corte considere inconstitucional a criminalização do uso pessoal do entorpecente e estabeleça uma quantidade que diferencie um usuário de um traficante. O placar no Supremo é de 5 votos a 3 para a extinção da punibilidade. O julgamento foi suspenso na semana passada após um pedido de vista do ministro Dias Toffoli.

PEC precisa ser aprovada em dois turnos no plenário do Senado

O próximo passo da PEC é a votação em dois turnos no plenário do Senado. É necessário que 49 dos 81 senadores apoiem a proposta para que ela seja encaminhada para a Câmara.

Nesta quarta, o presidente do Senado e autor da PEC, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que a proposta de emenda deve ser votada no início de abril. Segundo ele, o texto deve ser discutido pelos senadores em cinco sessões, conforme o prazo regimental, para que haja um "amadurecimento" do tema na Casa.

"Aprovada na CCJ, (a proposta) vai precisar ser incluída em pauta, o que deve acontecer na próxima semana, e ficam cinco sessões para discussão. O que deve tramitar ao longo de duas, três semanas. É uma questão regimental a observância, numa alteração constitucional, desse prazo de cinco sessões para discussão, para que justamente haja amadurecimento na Casa Legislativa", disse o presidente do Senado à CNN Brasil.

Ao Estadão, o relator da PEC das Drogas na CCJ, senador Efraim Filho (União-PB), acredita que 70% dos senadores devem votar a favor da proposta no plenário. O porcentual indicado pelo paraibano equivale a 57 votos.

Contrariando a descriminalização que pode ser definida pelo julgamento do STF, a PEC de Pacheco estabelece que é crime tanto a posse como o porte de drogas - incluindo a maconha - em qualquer quantidade. O texto estabelece, porém, que os tratamentos dados pela Justiça a usuários e traficantes devem ser diferentes.

"A lei considerará crime a posse e o porte, independentemente da quantidade, de entorpecentes e drogas afins sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar", diz o texto da PEC.

Na Câmara, a PEC precisa ter o apoio de 308 dos 513 deputados

Na Câmara, a PEC será encaminhada para uma comissão especial, composta por 35 deputados titulares e 35 suplentes, que será encarregada de analisar o mérito da proposta. Concluída essa fase, o texto será levado para a CCJ da Casa.

Da mesma forma como ocorreu nesta quarta, o colegiado da Câmara precisa aprovar a PEC para que entre na pauta do plenário. A votação é a última etapa, sendo necessário o apoio, em dois turnos, de 308 dos 513 deputados para criminalizar o porte de drogas.

Se houver modificação substancial (não apenas de redação), a proposta precisa voltar obrigatoriamente para a Casa onde começou a tramitar, o Senado.

Caso não haja mudanças, com o aval da Câmara, a emenda à Constituição passará a vigorar de forma imediata. Por se tratar de uma PEC, a proposta não necessita de sanção presidencial. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve evitar um posicionamento sobre a discussão e deixar que o embate se mantenha entre o Congresso e o STF.

Pacheco apresentou a PEC como resposta a atuação do STF em temas sensíveis

O conflito entre o Legislativo e o Judiciário se intensificou no ano passado, por conta de decisões tomadas pelo STF em temas considerados sensíveis pelos parlamentares. Os congressistas afirmam que a discussão de tópicos como a descriminalização do aborto, a descriminalização das drogas e a tese do marco temporal das terras indígenas, que foi considerado inconstitucional pela Corte no ano passado, é atribuição do Congresso.

Pacheco apresentou a PEC das Drogas em setembro de 2023 e disse, na época, que o julgamento do STF sobre a descriminalização do uso da maconha para uso pessoal não poderia "criar novas legislações". O presidente do Senado também afirmou que a apreciação do tema pelos magistrados é um "equívoco grave" e "uma invasão da competência do Poder Legislativo".

Pela legislação atual, aprovada pelo Congresso em 2006, o porte de drogas para uso pessoal é considerado crime, mas não leva à prisão. Entre as penas aplicadas, estão a prestação de serviços à comunidade e o cumprimento de medidas socioeducativas por até dez meses. A punibilidade, porém, não está prevista na Constituição, que é o desejado pela PEC de Pacheco.

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