Campo espera impactos do auxílio emergencial

Campo espera impactos do auxílio emergencial

Agropecuária acredita que, como no ano passado, benefício aumentará a demanda por produtos rurais porque será gasto com alimentação

Danton Júnior

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A retomada do auxílio emergencial, que começou a ser pago nesta terça-feira, deve provocar repercussões no campo. Embora o valor  esteja abaixo do praticado no ano passado, ficando na média de R$ 250,00 por família, o benefício é considerado uma ferramenta importante para estimular o consumo durante a pandemia da Covid-19  e, por ser utilizado  principalmente para atender  necessidades alimentares,  deve aquecer a demanda por produtos agropecuários.

“O auxílio emergencial foi a grande mola do consumo interno no ano passado e teve um papel muito importante no consumo de alimentos”, resume o economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz. Ele observa que, para a  agropecuária, o auxílio emergencial favoreceu principalmente o consumo de itens produzidos quase em sua totalidade para o mercado interno, como é o caso dos lácteos e do feijão. No arroz e nas carnes, o impacto foi considerado “médio”. Apesar disso, conforme o economista, o efeito da suspensão do auxílio, no último trimestre de 2020, não foi maior porque os estoques destes produtos estavam baixos. Quanto ao valor concedido nesta nova etapa, da Luz observa que, quanto maior o recurso, maior será a demanda, mas ressalva que a medida também provoca efeitos na inflação.

A agricultura familiar espera   aumento da demanda por seus produtos. O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag/RS), Carlos Joel da Silva, afirma que a suspensão do auxílio, em dezembro, afetou a produção de suínos, frangos, leite e hortifrutigranjeiros, já que as famílias tiveram de reduzir despesas com alimentação. “Quem comprava cinco litros de leite passou a comprar dois ou três e isso impactou diretamente na produção”, observa o dirigente. Por isso, Silva vê com otimismo a retomada dos pagamentos, embora avalie que o valor poderia ter continuado em R$ 600,00. O dirigente sustenta que os recursos injetados na economia favorecem não apenas os agricultores e a indústria, mas à sociedade em geral.

No setor de lácteos, a expectativa é de que o auxílio emergencial possa beneficiar o segmento, que enfrentou dificuldades no primeiro trimestre, justamente em razão da queda no consumo. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Sul (Sindilat), Guilherme Portella, o desempenho foi influenciado por questões sazonais, mas também pela interrupção no pagamento do auxílio emergencial. “Com a retomada, as pessoas vão ter maior poder de compra”, aposta o dirigente. Portella considera o auxílio emergencial  “imprescindível” neste momento e acredita que ele vai se refletir na aquisição de produtos básicos, nos quais está incluído o leite.


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