CNA defende que países ricos financiem ações de adaptação às mudanças climáticas
Confederação apresentou posicionamento do setor agro para a COP 29, que ocorrerá em novembro
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A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou nesta quarta-feira o posicionamento do setor agropecuário para a 29ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 29), que será realizada de 11 a 22 de novembro, em Baku, no Azerbaijão. O documento foi entregue a representantes do governo federal como contribuição dos produtores rurais brasileiros para as negociações na COP 29. A CNA defende que a agropecuária possui soluções eficientes para mitigação e adaptação às mudanças climáticas e destacou a necessidade de países ricos apoiarem financeiramente ações das nações em desenvolvimento.
A Confederação acredita que deve ser responsabilidade comum dos países desenvolvidos buscar novas fontes de financiamento, estabelecer submetas de financiamento e estrutura de transparência aprimorada. O presidente da CNA, João Martins, disse que o evento em Baku iniciará uma nova jornada para um acordo mundial sobre mudanças climáticas que guiará o desenvolvimento econômico global. Segundo Martins, a CNA tem a responsabilidade de posicionar o setor agro diante dos desafios climáticos nas próximas décadas. Martins disse que a agropecuária é afetada pelos eventos extremos e é parte da solução.
“Oferecemos não apenas mitigação e adaptação, mas também contribuímos para o desenvolvimento econômico, segurança alimentar, energética e climática. Precisamos de uma estratégia clara e transparente para o Brasil cumprir com as metas ambiciosas de redução de emissões, de maneira que consiga equilibrar os interesses sociais, econômicos e sociais”, disse.
O presidente da CNA afirmou que o modelo de eficiência do agro nacional é parte essencial do cumprimento das metas assumidas. “A preocupação climática já está incorporada aos sistemas produtivos do Brasil, que aliam eficiência e sustentabilidade”, sustentou. Ele afirmou que o NDC do país - sigla em inglês para as chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas - é ambicioso e conta com a importante contribuição do setor agropecuário em sua estratégia de redução de emissões por meio de tecnologias de aumento da produção com menor impacto ambiental. “O combate ao desmatamento ilegal deve fazer parte dessa estratégia de alcance do nosso NDC, com horizonte de ser erradicado no ano de 2030, finalizando o compromisso da NDC brasileira em vigor”, afirmou.
Martins ponderou que ser mais ambicioso a partir de 2031 implicará “investir pesadamente em novas tecnologias e menos emissões”. Ele defendeu a busca de financiamento e cooperação técnica e afirmou que a principal missão da COP 29 será discutir meios de implementação.
“A COP de Baku será crucial para o acordo do clima e a implementação das ações climáticas das partes com base na nova meta coletiva e quantitativa de financiamento. Já a COP 30, em 2025, marcará os 10 anos do Acordo de Paris e será um momento de conhecer a nova ambição climática para o período de 2031 a 2035, especialmente para o alcance da meta de não aumentar a temperatura global em mais de 1,5 graus”, disse.
Para a CNA, compromissos assumidos no Acordo de Paris não foram cumpridos pela falta de financiamento. Martins disse que a COP 30, a ser realizada em 2025 em Belém, dará ao agro brasileiro a oportunidade de mostrar ao mundo a sustentabilidade do setor, baseada em inovação, ciência, tecnologia, preservação ambiental e sustentabilidade. “Buscamos o reconhecimento das ações empreendidas até o momento, bem como medidas de incentivo compatíveis com a grandeza do agro brasileiro”, enfatizou.
Leia aqui o posicionamento da CNA na íntegra
A presidente da Embrapa, Sílvia Massruhá, disse que a empresa brasileira de pesquisa oferece informações e dados baseados em ciência para todas as COPs, com o desafio de ajudar a garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade nas dimensões econômica, social e ambiental. Sílvia disse que o país trabalha na ótica da agricultura de baixo carbono e tem discutido a questão da rastreabilidade, diretamente ligada à sustentabilidade e à preocupação do consumidor com nutrição, saúde e origem dos alimentos.
Para a COP 29, levando dados e mostrando e levando planejamento da Embrapa com Mapa. A Embrapa está planejando organizar uma espécie de showroom na COP 30 com as tecnologias sustentáveis da agropecuária brasileira. “Será uma oportunidade de mostrar e os países conhecerem de perto, em dias de campo”, afirmou. A Embrapa planeja ainda organizar eventos preparatórios regionais a partir de março de 2025, em diferentes biomas.