Custo da lavoura de trigo subiu, mas preço compensa

Custo da lavoura de trigo subiu, mas preço compensa

FecoAgro/RS indica que, em relação a 2020, agricultor vai acrescentar em torno de 32% aos gastos e 60% aos ganhos se preço atual se sustentar

Danton Júnior

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O triticultor gaúcho deverá desembolsar pelo menos 30% mais do que na safra passada para semear as lavouras de 2021. O cálculo é da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), que divulgou nesta segunda-feira uma atualização dos custos de produção do cereal para este ano. Ainda assim, o atual preço pago pelo grão faz com que a relação de troca para os triticultores seja a melhor desde 2013.

O custo total por hectare é calculado em R$ 4.305,01, considerando-se uma produtividade de 60 sacas, o que representa uma alta de 31,74% em relação à última safra. Já o desembolso é calculado em R$ 3.187,02, uma elevação de 32,48%. Entre os itens que contribuíram para a elevação dos gastos estão os produtos químicos, sementes, óleo diesel e máquinas, que sofreram a influência da taxa de câmbio.

Os cálculos também indicam que em 2021 o produtor vai precisar colher 51,25 sacas para cobrir o custo total da lavoura, volume 16,8% inferior ao de 61,66 sacas do ano passado. Considerando-se somente o desembolso, a conta caiu de 45,39 para 37,94 sacas, uma redução de 16,4%. O cálculo leva em conta o atual preço do trigo, ao redor de R$ 85,00 a saca. Há um ano, o grão estava cotado a R$ 53,00. “Depois da safra 2013, a atual é a que tem melhor performance em termos de relação de troca”, comparou o economista da FecoAgro/RS, Tarcísio Minetto. Naquele ano, os gaúchos colheram uma safra de 3,35 milhões de toneladas, com produtividade recorde.

AUMENTO DE ÁREA. O cenário favorável faz com que a federação calcule um aumento de área para a safra 2021. A estimativa da entidade é de que a lavoura de trigo avance 15% em relação ao ciclo passado e chegue a 1,1 milhão de hectares. “Se as condições foram favoráveis, podemos ultrapassar uma produção de 3,5 milhões de toneladas”, ressaltou Minetto. Além do preço, outro fator que anima os agricultores é a demanda do cereal pela indústria da proteína animal, que procura um substituto para o milho em razão do seu alto custo. 


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