Custos de produção do leite sobem 11% no ano

Custos de produção do leite sobem 11% no ano

CNA e Cepea apontam elevação dos preços da soja e do milho como 
fator que mais pesou nos gastos com alimentação dos animais

Danton Júnior

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Os custos de produção da pecuária leiteira subiram 11,49% de janeiro a junho, conforme levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. O alimento concentrado, que obteve uma valorização de 11,34%, foi o insumo que mais pesou no bolso do produtor, segundo o estudo.

O cenário é apontado como consequência da elevação dos preços da soja e do milho, que foi de 35,19% e 85,72% nos últimos 12 meses, respectivamente. Ao longo de 2020, o Custo Operacional Efetivo do setor cresceu 23,24%. O levantamento também informa que, apesar do recente movimento de recuperação dos preços pagos pelo leite em função da entressafra, o avanço ainda está longe de compensar a elevação dos custos. A receita do produtor variou positivamente 3,52% nos primeiros seis meses de 2021, quando o litro chegou a R$ 2,201 na média Brasil.

O presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang, acredita que o aumento dos custos foi maior no Rio Grande do Sul e estima que tenha se aproximado dos 15%. O dirigente afirma que as pastagens de inverno podem ajudar a conter a alta, porém adverte que, neste ano, a estação conta com um volume de chuvas menor, o que pode impactar na produção. “Estamos muito alertas”, admite, “porque não suportaríamos uma baixa na remuneração ao produtor enquanto nosso custo está muito alto”.

Outro levantamento, feito pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag/RS), confirma o aumento dos custos. Nos últimos 12 meses, o preço da ração subiu 43,59%. Já o do fertilizante avançou 45,16%. O custo total do litro de leite gira em torno de R$ 1,85, com elevação de 28% nos últimos 12 meses. “Mesmo com a valorização (do preço de venda), o produtor está sobrando menos dinheiro do que no ano passado”, lamenta o 1º vice-presidente da Fetag/RS, Eugênio Zanetti. 


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