A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) registrou recorde na safra de grãos do ciclo 2024/25, estimada em 350,2 milhões de toneladas no Brasil, superando o obtido em 2022/23, com 324,36 milhões de toneladas colhidas. Porém, já há previsões de novo recorde para a próxima: deve alcançar 354,7 milhões de toneladas, segundo última estimativa divulgada pela companhia na última terça-feira, dia 14. Para o Rio Grande do Sul, a Conab indicou que poderá alcançar uma colheita de 40,9 milhões de toneladas em grãos de verão, a maior já registrada desde 1976/77. Será um aumento de 13,7% ante a safra anterior.
O presidente da Conab, Edegar Pretto, celebrou os recordes alcançados. "É muito importante para nossa economia, para a cultura brasileira, mas também para países do mundo que dependem da nossa produção. Nunca o Brasil tinha acolhido uma safra de grãos dessa dessa magnitude", afirmou durante visita ao Correio do Povo na manhã desta segunda-feira.
As previsões para o Estado, ainda que positivas, foram questionadas por algumas entidades, como a Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja/RS), que acredita que haverá menor produtividade diante de fatores como estiagem, redução dos usos de tecnologias, conjuntura econômica desfavorável e a dificuldade de acesso a crédito e/ou os juros altos.
Em relação às contestações sobre áreas de determinadas culturas serem maiores ou menores, Pretto defendeu o trabalho para a assertividade dos dados estatísticos da Companhia, e que novos mapeamentos serão feitos para confirmar. "Recém está sendo semeada as primeiras sementes do que será a safra 2025/26 e a Conab já tem condições de fazer uma previsão. É por isso que, mensalmente, a gente coloca os técnicos a campo para ir atualizando os nossos dados. Nunca é 100% assertivo o que a gente lança no primeiro de 12 levantamentos. É apenas uma previsão, mas cada vez mais os dados da CONAB estão mais assertivos", disse.
Pretto pontuou que a Conab é responsável por prover todos os dados agropecuários do Brasil, e que, mensalmente, cerca de 100 técnicos vão a campo em parceria com as universidades e institutos federais, além da parceria permanente com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e outras instituições para fazer o levantamento da produção de grãos. Também defendeu que os dados da Companhia auxiliaram em ações do governo federal para auxiliar setores impactados pelo tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos.
“A Conab não trabalha com mudança nenhuma a partir de contestação. Nós temos dados estatísticos, que levam em conta a questão climática e dados de mercado agrícola, para fazer esse compilado de informações que mensalmente a gente atualiza. Por isso temos 12 levantamentos de previsão de safra”, pontuou.
Especialmente no Rio Grande do Sul, a Conab prevê recuperação, assegurada pelo Inmet, com a presença da chegada do fenômeno La Niña, trazendo menos chuva e mais presença de sol. Na região Sul, os efeitos devem ser mais incidentes entre o final deste ano e início do ano que vem. "Tudo indica que o Rio Grande do Sul terá a maior safra da sua história até aqui", projeta o presidente.
- Calor pode banir plantas invasoras sem agrotóxicos
- Canola ganha área e confiança nas lavouras gaúchas
- Trigo pressionado pela entrada da nova safra
A oscilação climática é um fator que traz média mais baixa do que a nacional, mas a soja deve continuar sendo o carro-chefe da produção, que alcançou 50% da área plantada na última safra. "A janela da semeadura está acontecendo, a nível nacional já está um pouco mais adiantada comparado com 24/25, que possivelmente terá uma vantagem em relação ao enfrentamento do fenômeno fenômeno La Niña", completa Pretto.
Pretto visita o arquivo histórico do Correio do Povo
Em visita ao Correio do Povo, o presidente da Conab visitou o arquivo de fotos e de jornais do prédio. Pretto conferiu registros do movimento "Diretas Já" em Porto Alegre; fotos de 1988 do seu pai, Adão Pretto; da reforma agrária e, também, da sua posse na Assembleia Legislativa em 2017. O presidente também ganhou do diretor-presidente do Correio do Povo, Marcelo Dantas, a capa d jornal do dia do seu nascimento, em 17 de junho de 1971.
“Fiquei emocionado com o que vi dos registros que o Correio do Povo tem da história do Brasil, e em especial do Rio Grande do Sul. Não tinha, sinceramente, a dimensão do que representaram todos esses anos. Não somente na área da política, que sempre foi um dos focos importantes do Correio do Povo, mas em retratar verdadeiramente o Rio Grande do Sul nas páginas. Um dia extraordinário, memorável”, diz.