Entidades festejam a nova condição sanitária do RS

Entidades festejam a nova condição sanitária do RS

Estado foi declarado zona livre de febre aftosa sem vacinação pelo Ministério da Agricultura e agora espera reconhecimento da OIE

Nereida Vergara

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A consolidação do Rio Grande do Sul como zona livre de febre aftosa sem vacinação, anunciada na noite de terça-feira pelo Ministério da Agricultura, é comemorada por entidades ligadas à pecuária, embora não seja vista com consenso pelo setor.

O secretário da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Covatti Filho, reiterou que, com o novo status, o Estado poderá alcançar 70% dos mercados mundiais disponíveis para a carne. “Sabemos o peso da responsabilidade dessa nova condição e vamos trabalhar com o produtor para que ela seja mantida”, disse Covatti. Para o governador Eduardo Leite, a conquista é “histórica”.

“Ver uma notícia dessas estampada nos jornais é ver um sonho transformado em realidade", comentou o presidente da Assembleia Legislativa, Ernani Polo, que era secretário da Agricultura quando o Estado se mobilizou para a retirada da vacina. “É uma grande notícia”, celebrou o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.

Na assembleia virtual que levou a Farsul a apoiar a mudança de status, os votos favoráveis foram 44, enquanto os contrários chegaram a 35. O presidente Gedeão Pereira afirma que a federação irá trabalhar para que tudo que foi previsto pelos governos na fiscalização sanitária seja cumprido e para que seja garantido o atendimento ao produtor pela autoridade pública. Na Febrac, a votação foi mais folgada, com 15 dos 19 votos pelo sim. O presidente Leonardo Lamachia reitera que a conquista é histórica e a mais importante da pecuária estadual em décadas.

Já a Fetag observa a necessidade de o Estado redobrar seus investimentos e cuidados na sanidade animal, qualificando as inspetorias da Secretaria de Agricultura em todo o território gaúcho. Na mesma linha, o presidente da Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afagro), Pablo Fagundes Ataíde, diz que, para manter o avanço, o Estado deve pensar com seriedade na reposição do quadro de seus servidores.

O diretor do Sindicato dos Médicos Veterinários no Estado do Rio Grande do Sul (Simvet/RS), João Junior, parabeniza o trabalho executado pela Seapdr na pelo novo status. Segundo ele, o momento agora é de trabalhar para precaver problemas futuros. "Todos nós temos que trabalhar muito para não termos problemas a médio e longo prazo e para isso é fundamental uma cooperação entre os médicos veterinários, produtores rurais e governo", observa.

PREOCUPAÇÕES. Entre os produtores rurais, no entanto, ainda há desconfianças. O vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Hereford e Braford, Eduardo Eichenberg, aponta a preocupação dos criadores com as condições econômicas do Estado para cumprir a fiscalização. Lembra ainda que o Rio Grande do Sul é um berço de genética importante e que a retirada da vacinação não deixa de representar um risco para o trabalho de seleção de raças realizado há anos.

Produtor de arroz e gado em Maçambará, Sérgio Tostes de Escobar teme que a retirada da vacinação recoloque o pecuarista em alerta para uma situação que havia sido superada, como a que levou ao abate de 11 mil animais, em Joia, há 20 anos, por surto de aftosa.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895