Escoamento da safra de soja enfrenta obstáculos no Estado

Escoamento da safra de soja enfrenta obstáculos no Estado

Perspectiva de concentração de operações portuárias em período curto preocupam produtor

Correio do Povo

Escoamento da safra enfrenta obstáculos

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Enquanto se preparam para uma colheita recorde de soja, com previsão de 14,1 milhões de toneladas, os produtores gaúchos demonstram preocupação com o escoamento da safra. O volume crescerá 1,3 milhão de toneladas em relação ao ano passado, mas a infraestrutura rodoviária e de armazenamento é a mesma, a previsão de navios é pequena e custos como de óleo diesel e frete subiram, indicando a perspectiva de transtornos na hora de enviar o grão ao exterior.

A Superintendência do Porto de Rio Grande pretende reunir nesta semana todos os envolvidos no processo de escoamento para definir o Plano de Ação Safra deste ano com o objetivo de agilizar o escoamento e evitar filas de caminhões na BR 392, aguardando para descarga.

O economista Antônio da Luz, da Farsul, diz que o transporte é o maior problema, pois é feito por via rodoviária, quando o modal ideal seria a hidrovia. Sendo assim, entende que o Estado deveria ter estradas melhores, com corredores de transporte duplicados.

O aumento do preço do óleo diesel é um novo problema, pois encarece o frete e quem acaba pagando é o produtor, que fica com renda menor. O presidente da Fecoagro, Paulo Pires, afirma que safra grande é um “bom problema” e, ao mesmo tempo, observa que a comercialização para exportação está muito atrasada. Há poucos navios previstos. Isso pode concentrar as operações em período curto de tempo e provocar problemas.
“Essa falta de comercialização vai redundar no acúmulo de transporte de soja para o porto e, quando isso acontece, encarece o frete”, salienta. “Esse fator vai pesar na formação do preço final da soja.”

Luz, da Farsul, admite que a capacidade de armazenamento é deficitária, apesar dos investimentos feitos na área pelos produtores. O tema também preocupa a Aprosoja. O presidente da entidade, Décio Teixeira, acredita que se a colheita der resultado bom para todos, em oito ou dez dias os armazéns existentes — dos produtores e do Porto de Rio Grande — ficarão lotados. “Estamos pensando em alternativas para armazenagem, como o uso de silo bag”, revela.

O secretário estadual da Agricultura e Pecuária, Ernani Polo, admite que a malha rodoviária apresenta muitas deficiências e destaca que outro secretário, Pedro Westphalen, dos Transportes, está finalizando um plano de trabalho emergencial para melhorar as estradas pavimentadas e de chão. Relata também ter pedido à ministra Kátia Abreu que no Plano Agrícola sejam mantidas as linhas de financiamento para ampliação da capacidade de armazenamento.

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