A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul divulgou nesta terça-feira, 28, os resultados das exportações do agronegócio gaúcho de setembro. Na comparação com o mesmo mês de 2024, houve um aumento de 5% no valor exportado, para US$ 1,66 bilhão ante US$ 1,5 bilhão, e queda de 4% no volume, ou 2,3 milhões de toneladas, 100 mil toneladas a menos.
O agro representa 73% de todos os embarques do estado no período, o montante de US$ 2,2 bilhões, e em volume 90% do total estadual em setembro. No acumulado janeiro e setembro de 2025, o setor já embarcou US$ 10,6 bilhões.
No relatório destaque à queda expressiva dos embarques aos Estados Unidos, normalmente na segunda ou terceira posição entre os mais relevantes mercados, mas que em setembro despencou para a 14a posição. A explicação é o ‘tarifaço’ imposto pelo presidente americano, Donald Trump, a alguns produtos brasileiros destinados àquele mercado.
O valor exportado aos Estados Unidos caiu 75% em relação a setembro de 2024, de US$ 94 milhões para US$ 23,8 milhões no mês passado ante setembro de 2024, enquanto o volume foi reduzido em 62%.
Principais quedas
Apenas em carne bovina os embarques aos EUA diminuíram em 70% no valor e 81% no volume, os couros e peles de bovino crust caíram 97% no valor e volume exportados, enquanto couros/peles de bovinos preparados tiveram queda de 62% no valor e 51% no volume. O sebo bovino encolheu 54% no valor e de 61% no volume, e o tabaco passou de US$ 47 milhões em setembro de 2024 para apenas US$ 2,6 milhões em setembro passado, -94% no valor e de -79% no volume.
Também produtos apícolas baixaram, 8% no valor e de 41% no volume. Ainda o grupo produtos florestais teve redução de 66% no valor e 58% no volume, a celulose baixou 69% no valor e 54% no volume, enquanto as exportações de madeira foram reduzidas em 67% no valor e 72% no volume.
O Assessor de Relações Internacionais da Farsul, Renan Hein dos Santos, explica que em agosto o setor agro ainda não tinha sentido os impactos das tarifas, assinada por Trump em 30 de julho e que entraram em vigor uma semana depois.
“Em agosto não tínhamos visto este impacto tão grande como estamos vendo agora. Tinham sido bem mais modestas as quedas. Agora, realmente, em setembro é que está começando a ficar mais expressiva a diminuição das exportações para os Estados Unidos”, avalia Santos. Para ele, possivelmente dois meses atrás ainda não tinham ocorrido as consequências porque as compras foram adiantadas.
Perda de cliente consolidado
Conforme o dirigente, o maior impacto da redução das vendas se dá pela perda de um mercado consolidado.
“Por mais que você ache outro mercado para substituir ele, não é bom perder um cliente consolidado, uma relação que você tem há anos, a perda de credibilidade que vem com a perda de um mercado não é positivo”, avalia Santos.
“Por mais que se ache outros mercados para onde se consiga exportar, não é uma coisa boa”, acrescenta.E exemplifica produtos que têm nos Estados Unidos o principal destino sebo bovino, couros/peles e os apícolas. “Acaba criando um estresse para cadeias que têm aquele mercado como prioritário. Podia ter sido lidado de uma maneira um pouco mais efetiva para contornar estes efeitos”, analisa.