Caminho aberto para o selo verde do Rio Grande do Sul

Caminho aberto para o selo verde do Rio Grande do Sul

RS Carbon Free, promovido por Sindilat e Sebrae, marcou na Expointer a união de forças em defesa da sustentabilidade

Thaíse Teixeira

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A Expointer 2023 vai entrar para a história da agropecuária gaúcha. Além de reunir, pela primeira vez, as maiores referências brasileiras da pesquisa científica sobre a sustentabilidade e a neutralidade na emissão e captura de gases de efeito estufa (GEEs) no campo, a exposição inaugurou um novo caminho para as 35 cadeias produtivas que fazem o agro do Rio Grande do Sul “o maior case de sustentabilidade do Brasil e do mundo” como afirmou o vice-presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Domingos Velho Lopes, no Seminário Carbon Free, realizado no Parque Assis Brasil, em Esteio, nos dias 29 e 30 de agosto.

Promovido pelo Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat) e pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Rio Grande do Sul (Sebrae/RS), o evento foi o ponto de partida para buscar uma certificação para os métodos já disponibilizados pela Embrapa, por universidades e por outras instituições de pesquisa para comprovar a neutralidade do balanço energético da produção de alimentos no Estado. 

“Vamos, sim, buscar a certificação desses métodos para termos dados oficiais do RS. Mas, para isso, precisamos da ajuda de vocês”, enfatizou a secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado, Marjorie Kaufmann, na plenária de encerramento do evento, que integrou o Correio Rural Debates. A transmissão encerrou a programação institucional do Correio do Povo nesta Expointer e contou com o patrocínio de BRDE, GM, Braskem, Assembleia Legislativa e Sindilat.

Marjorie conclamou todos os setores ligados ao agronegócio gaúcho a desenvolver as métricas para a construção de um selo verde, o qual ainda não tem nome, mas que recebeu a primeira sugestão no local: RS Carbon Free. “Vamos precisar da ajuda dos pesquisadores e das federações para termos os números dos conjuntos das áreas das práticas (sustentáveis). Sabemos que muitas já exercem essas atividades dessa maneira. Mas vamos precisar desse material para que possamos quantificar e trabalhar neste mercado”, justificou.

O chamamento foi bem recebido e abraçado pelo setor primário gaúcho, representado pelo diretor do Sindilat e presidente da CCGL, Caio Vianna. “Não podemos perder a oportunidade de manter a representação dos produtores, da Embrapa, da Secretaria da Agricultura (Seapi) e do Meio Ambiente (Sema) para que não nos olhemos mais como adversários. Não há como fazer agricultura de forma sustentável e rentável sem que o agricultor entenda o processo”, alertou Vianna, um dos idealizadores do seminário e da proposta de criação do selo RS Carbon Free. 

O dirigente, que mediou a plenária, salientou também que a certificação não só comprovará a adoção de processos sustentáveis como bonificará seus executores. “Temos que mostrar todos esses processos acontecendo, quem mitiga e quem não mitiga. Isso vai ser uma ferramenta muito boa, inclusive, para a obtenção de financiamentos a custo mais razoável. Queremos estar todos juntos, em um grupo de trabalho único”, comentou. 

O chefe-geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, um dos ícones da pesquisa brasileira, lembrou sobre a relevância dos dados científicos utilizados como base do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) que, em maioria, provêm do Hemisfério Norte. “Em 2007, quando na Universidade de Brasília, ouvi que o Hemisfério Norte contribuía com mais de 5 mil publicações para a modelagem adotada pelo IPCC enquanto o Hemisfério Sul não chegava a 300”, exemplificou. 

A ciência pautou as considerações de Domingos Velho Lopes, que rendeu uma grande homenagem aos pesquisadores, representados por, além de Lamainski, pelo chefe-geral da Embrapa Pecuária Sudeste, Alexandre Bernt, e pelo da Embrapa Pecuária Sul, Fernando Cardoso, que encabeçou a articulação com outras unidades da empresa de pesquisa para a realização do seminário. “Vocês, sim, são os grandes responsáveis pelo sucesso do agro gaúcho e brasileiro. O resto cabe a nós, de forma institucional, trabalhar. Obrigado pelo trabalho de vocês e contem com o setor produtivo para buscar recursos na área pública e privada porque, aí sim, construiremos uma sociedade muito mais justa, equânime e melhor. Eu arrisco dizer que este seminário foi a cereja do bolo desta 46ª Expointer”, destacou.

Ao final, o secretário executivo do Sindilat, Darlan Palharini, anunciou que a iniciativa terá a segunda edição, prevista para a Expointer 2024. “Queremos trazer também os dados da pecuária de corte”, pontuou. Ele também anunciou que o Sindilat levará o seminário para o interior do Estado como forma de capacitar os produtores e unir as cadeias da proteína animal no intuito da certificação proposta no evento, que envolve todas as cadeias produtivas do agro. “Nosso leite tem muita qualidade e é muito competitivo, mas precisamos colocar isso numa metodologia. “Este projeto é conjunto. Queremos ter o selo RS Carbon Free, com garantia tanto da Embrapa como do governo do Estado”, concluiu.


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