Correio Rural Debates aborda a tecnologia e pecuária sustentável

Correio Rural Debates aborda a tecnologia e pecuária sustentável

Conforme participantes do segundo Correio Rural Debates, Estado precisa comunicar melhor suas boas práticas no campo

Thaíse Teixeira

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O Rio Grande do Sul deve estar com todas as suas 35 cadeias produtivas inseridas na pauta do carbono zero até 2028. Esta foi a projeção do vice-presidente e coordenador da comissão do Meio Ambiente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Domingos Velho Lopes, ao abrir o segundo Correio Rural Debates, realizado pelo jornal Correio do Povo, na Expointer, em Esteio, com o tema “Tecnologia e Sustentabilidade”. A afirmação foi o início da conversa, cuja abordagem versou sobre “Tecnologia e Pecuária Sustentável”. O debate também contou com a participação do coordenador de Formação Profissional Rural do Senar-RS, Herton Lima; do presidente do Banrisul, Fernando Lemos, da gerente adjunta de Operações do BRDE, Fernanda Maia, e do presidente do Sistema Ocergs / Sescoop, Darci Hartmann. O Correio Rural Debates na Expointer conta com patrocínio de BRDE, GM, Braskem, Assembleia Legislativa e Sindilat.

A projeção compartilhada por Domingos supera a meta assumida pelo Brasil, na COP 26, de reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs) em 50% até 2030 e em 100% até 2050. A aposta baseia-se nos dados de recentes estudos capitaneados pela Embrapa e, no Estado, pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) e pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) para mensurar o balanço energético da agropecuária no Estado. “Já há dados oficiais mostrando que nossos números são de 25% a 30% menores que os medidos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão responsável pelas políticas do Protocolo de Kioto e que usa como base as informações do Hemisfério Norte, cujas características ambientais são muito diferentes das nossas”, relativizou Domingos.

Informações como essas e outras tantas já conhecidas e comprovadas, no entanto, ainda não são utilizadas a favor do setor pecuário, alertou o presidente do Sistema Ocergs / Sescoop, Darci Hartmann. Segundo ele, além de a tecnologia ser usada para ampliar a produtividade e neutralizar a emissão dos GEEs no campo, precisa servir para divulgar para o público urbano as boas práticas já utilizadas. “Erramos nas narrativas e vamos no bate-boca. E não é isso. Temos que usar os mecanismos de informação para levar aos mercados mundiais o que estamos fazendo na pecuária de corte, de leite, na questão do gás metano”, enfatizou.

Além de esclarecer a população sobre a sustentabilidade da atividade pecuária, o presidente do Banrisul, Fernando Lemos, lembrou ser necessário amplificar, sob a forma de dados e estatísticas técnicas e científicas, que o balanço energético provindo da integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) é muito maior que o atualmente conhecido. “Há muitos interesses envolvidos nessas críticas e restrições à produção pecuária brasileira, que se beneficiam da questão do desmatamento como se fosse algo geral”, constatou. Domingos completou exemplificando a questão com uma imagem do Brasil exibida pelo Museu de História Natural em Nova York, em que o país consta inserido em um único bioma, no caso, o amazônico. 

O coordenador de Formação Profissional Rural do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural no Rio Grande do Sul (Senar-RS), Herton Lima, lembrou que a falta de informação verídica sobre a atividade pecuária começa nas escolas. “As crianças acham que leite vem da caixinha”, exemplificou. Mas também justificou o cenário, dizendo que o produtor nunca foi blindado, que cresceu em suas atividades pela própria força e competência, atributos que estão levando o país a ser o maior fornecedor de alimentos ao mundo. “Hoje, estamos em um nível de maturidade em (enquanto setor) que precisamos começar a mostrar o quanto nosso trabalho é benéfico ao meio ambiente”, exclamou Lima.

A necessidade de a tecnologia ser ferramenta para unir a cadeia produtiva da carne na busca de uma comunicação assertiva sobre a sustentabilidade de seus processos foi o desafio lançado pela gerente adjunta de Operações do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Fernanda Maia. “Temos muitas parcerias, o banco trabalha muito com articulação com entidades públicas e privadas no tema da sustentabilidade, que nos é muito caro. Um exemplo, em 2022, 80% de todo o crédito de longo prazo que liberamos tem como um dos objetivos principais o desenvolvimento sustentável. Ou seja, em torno de R$ 3,5 bilhões relacionados à sustentabilidade”, revelou.

 


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