Em seis anos, número de produtores de leite caiu pela metade no Rio Grande do Sul

Em seis anos, número de produtores de leite caiu pela metade no Rio Grande do Sul

Segundo Emater/RS-Ascar, baixa rentabilidade é um dos principais motivos para retração do setor no estado

Nereida Vergara

Vaca leiteira na 44ª Expointer

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Desestímulo de rentabilidade, diante do impacto dos custos, dificuldades de sucessão familiar, migração para atividades mais rentáveis como plantio de grão e pecuária de corte são alguns dos motivos que levaram, nos últimos seis anos, a uma queda de 52,28% no número de produtores de leite do Rio Grande do Sul que estão vinculados à indústria.

Dados coletados pela Emater/RS-Ascar, entre 27 de junho e 20 de julho, que compõem o Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite do Estado de 2021, apontam que seguem na ativa hoje 40.182 produtores, 10.482 a menos que em 2019 (data do último relatório) e 44.017 a menos do que em 2015, quando se iniciou a pesquisa.

O relatório revela ainda que o rebanho leiteiro do estado encolheu 25,94% desde 2015, saindo de 1.174.762 milhão de cabeças para 870.060 mil em 2021. Em contrapartida, a produção do segmento teve uma queda discreta em relação à redução de produtores, de 3,15%, passando de 4,21 milhões de litros em 2015 para 4,07 milhões de litros em 2021, o que comprova o avanço nas produtividades por propriedade.

O segmento de produtores que perdeu mais representatividade foi o daqueles cuja produção diária se limita a 50 litros, que em 2015 representavam 23,86% do total de vinculados à indústria e em 2021 estão em 8,78%. Coordenador do estudo, o assistente técnico estadual da Emater Jaime Ries diz que o resultado de 2021 confirma uma tendência de transformação do segmento leiteiro do estado nos últimos anos, onde consegue sobreviver o produtor organizado e que se profissionaliza na atividade, adequando-se a critérios de qualidade e produtividade. "A constância dos dados nos demonstra com muita segurança e de forma clara esta tendência", comenta Ries.

Jaime Ries, assistente técnico da Emater-RS fala na 44ª Expointer. Foto: Mauro Schaefer

O vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Eugênio Zanetti, confirmou que a entidade vem observando esse comportamento há bastante tempo e alertando à cadeia leiteira que o produtor que abandona a atividade tem muita dificuldade de voltar. Zanetti atribui parte da desistência ao fato de que o produtor de 50 a 100 litros/dia ganha cerca de 10% menos pelo litro do que o produtor de 1 mil litros/dia, relação que, segundo ele, deveria "ser revista" com mais justiça.

Para o secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat), Darlan Palharini, o futuro do produtor depende realmente de ter produtividade. A variação de preços se deve a inúmeros critérios, entre eles a qualidade, mas também é influenciada pela capacidade logística das indústrias que torna a captação pouco vantajosa no caso de pequenas quantidades.


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