Mostra de iniciação científica incentiva a pesquisa em escolas rurais

“A energia que me transmitiu esta sala, com certeza, é contagiante. O entusiasmo desta juventude é algo fantástico”, comenta Carlos Fontoura, responsável pela comissão de avaliação da 1ª Mostra das Escolas Técnicas Agrícolas (META), aberta no sábado, primeiro dia da Expointer, e com encerramento no próximo dia 3. A mostra de iniciação científica é realizada na casa da Associação Gaúcha de Professores Técnicos de Ensino Agrícola (Agptea), no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, que a organizou em parceria com a Superintendência da Educação Profissional (Suepro) do governo do Estado.

Ao todo, são 26 projetos divididos em dois grupos. Os 13 primeiros se apresentam até a próxima quarta-feira, e a segunda metade, de quarta até domingo. Há desde projetos de inovação, até aqueles que integram processos mais tradicionais. Os cinco melhor avaliados têm vaga garantida na Mostratec 2022, uma das maiores feiras do Brasil em ciência e tecnologia, organizada pela Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, na cidade de Novo Hamburgo, no final de outubro.

Projetos meliponicultura

Os alunos são desafiados a apresentar soluções dentro de suas realidades. O Colégio Agrícola Estadual Ângelo Emílio Grando, de Erechim, veio ao evento com o projeto Milk Tech, desenvolvido pela professora Simone Castelan, e os alunos Gabriel Balico, Vinícius Palkewich, Maria Pedott e Bianca Tormen, dos segundos e terceiros anos do curso Técnico em Agropecuária. É um aplicativo que lê um QR Code aplicado ao brinco de um bovino, reunindo informações a respeito de nome, raça, grau de sangue, datas do amochamento, casqueamento, inseminação, secagem, entre outros.

“A ideia surgiu a partir de uma dificuldade que enfrentamos na escola, de termos à mão as informações pertinentes aos animais. Normalmente, elas são guardadas em cadernos de folhas e ficam em um escritório, não estão junto com o animal. Buscamos facilitar este manejo, principalmente para quando algum está em dificuldade e é preciso uma decisão rápida”, afirma Simone. Conforme ela, outra intenção é levar este projeto para feiras onde há animais expostos, e sobre os quais os visitantes possam obter informações apenas apontando a câmera do celular.

Outro dos projetos apresentados nesta primeira leva é sobre meliponicultura, realizado na Escola Estadual de Ensino Médio Getúlio Vargas, no município de Fontoura Xavier, pelos desenvoltos estudantes Alisson Vinícius Scapini e Lucas Yarle Soares dos Santos. A orientação é do professor Genoar Rodrigues da Silva. “Nosso projeto partiu de um convite para participar de um seminário de meliponia em Horizontina, o que criou um incentivo para implantarmos a mesma ideia na escola. Hoje, já temos quatro mostruários. Também é importante para termos o conhecimento da espécie”, diz Genoar.

O presidente da Agptea, Fritz Roloff, diz que Educação é sempre um investimento. “Não podemos substituir as pessoas, elas precisam se formar como protagonistas no mundo. Entendemos que a pesquisa é o melhor caminho para levar o aluno a ser empreendedor. Estamos tendo uma verdadeira troca de experiências nesta casa. Queremos mostrar para a comunidade que as escolas públicas têm pesquisas”, salienta. De acordo com ele, a associação, fundada há 53 anos, reúne mais de mil professores das escolas agrícolas de cerca de 60 municípios gaúchos.

Já o superintendente da Suepro, Bruno Anicet Bittencourt, ressalta que a educação profissional tem um papel relevante para conectar educação e mercado de trabalho. “A mostra busca incentivar e reconhecer as soluções inovadoras desenvolvidas pelos nossos alunos e professores”, afirma. A visitação aos projetos ocorre das 9h às 17h30min. Os resultados serão conhecidos no final da tarde de domingo.