O que disseram os líderes do agronegócio na inauguração oficial da Expointer

O que disseram os líderes do agronegócio na inauguração oficial da Expointer

Solenidade de abertura da feira ocorreu nesta sexta-feira em Esteio

Itamar Pelizzaro

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Confira os principais trechos de pronunciamentos feitos nesta sexta-feira da tribuna de honra da pista central da Expointer, onde ocorreu a inauguração oficial da Expointer e o Desfile dos Campeões. 

“Se o produtor de leite e carne não está recebendo o devido valor financeiro por aquilo que produz, o mesmo produtor terá que comprar um animal de menor valor genético e assim provocar uma involução do seu trabalho. E prejuízo mais à frente em seu manejo e venda. Não se trata mais de fazer discurso e apertos de mão. É hora de agir para trazer resultados práticos tanto para o produtor de leite quanto para o produtor de carne.” 
João Francisco Bade Wolf, presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac)

“Precisamos encaminhar uma solução mais perene e significativa para toda a cadeia de proteína animal, incluindo leite, suínos, frango e gado de corte. A parceria do governo federal é fundamental nesta construção. A sociedade organizada não vai conseguir essas saídas se não tivermos apoio federal. Agradecemos o governo do Estado pelas parcerias e encaminhamentos. Estamos olhando o futuro e, se tivermos uma safra cheia de grãos este ano, teremos estrangulamentos logísticos. Precisamos aumentar os terminais, criar polos logísticos ferroviários para mitigar esse custo do transporte que tem impactado cada vez mais. O cooperativismo tem pressa de crescer e quer ser o grande parceiro no desenvolvimento do Estado. Vamos trabalhar em conjunto.”
Darci Hartmann, presidente do Sistema Ocergs

“Este ano conseguimos aumentar a área de máquinas e implementos agrícolas na Expointer em 0,18 hectare, e nos proporcionou colocar mais 20 empresas. Para o ano que vem precisamos de mais área, porque temos mais empresas na fila. Faço um apelo por mais um pedaço de área. Além disso, reformamos o pavilhão de gado de corte, o Boulevard e fizemos a manutenção de outras áreas, em parceria com o governo do Estado. Ao todo, foram aproximadamente 200 indústrias na Expointer, um verdadeiro shopping a céu aberto com o que há de mais moderno no mundo (...). Governador Eduardo Leite, não vamos desistir  do nosso Fundopem da Irrigação, para que tenhamos mais irrigação. Destacamos a volta do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) à Expointer. O Mais Alimentos vai voltar e trazer muitos negócios para o nosso setor.” 
Claudio Bier, presidente do Sindicato da Indústria de Máquinas e Implementos Agrícolas do RS (Simers)


“Estamos vindo de uma situação muito difícil na agricultura do Rio Grande do Sul. Em algumas regiões, viemos de três estiagens. Na última safra, tivemos uma conjunção muito ruim para o produtor. A primeira é que fizemos a safra mais cara da história do país. Em segundo, foi a menor safra, com quebra para alguns produtores por causa da estiagem. Em terceiro, os preços dos produtos desandaram. Os produtores rurais estão dando demonstração de que são a saída para o país e o mundo. Eles vieram dessa conjunção de problemas e estão batendo recorde na feira, porque eles têm visão, acreditam no futuro e estão fazendo a parte deles. Eles esperam dos governos estadual e federal apenas duas coisas: que os ampare e os ajude para que continuem gerando riqueza para o país. Os produtores de leite estão com uma faixa (foto acima), acho que não deu para você enxergar, mas nossos produtores de leite estão morrendo. Tínhamos 84 mil famílias produtoras de leite e hoje temos 33 mil produtores no Estado. Mais de 60% das famílias produtoras de leite saíram da atividade porque não conseguem ser competitivas. Não tem aqui nenhum demérito para os produtores do Uruguai e da Argentina. Queremos só as mesmas condições que eles têm lá para competirmos e continuarmos a produzir. Agradecemos as ações do governo federal, mas elas são insuficientes. Nossos problemas não estão em alguns tipos de queijo ou manteiga que vêm da União Europeia. Eles estão no leite em pó do Mercosul que está entrando aqui por R$ 6 a menos. Precisamos de ações, e elas têm que ser imediatas. Comprar leite é importantíssimo, mas é insuficiente, porque vamos enxugar gelo. Vamos ajudar as cooperativas, mas não vai ajudar o produtor, porque as fronteiras estão abertas. Precisamos criar cotas ou subsidiar os produtores daqui do Brasil como a Argentina fez por quatro meses. Também temos que ver a questão do Proagro, que vai deixar milhares de famílias de fora.” 
Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag)

“Estamos vivenciado provavelmente, senhores ministro e senhor governador, algo que reputo absolutamente ímpar: o crescimento da nossa Expointer. Fico olhando este cenário em que tivemos uma tempestade perfeita, e não é por interferência de governo A ou governo B, mas por interferências de mercado, o que é difícil para ter solução. O mercado é soberano. Tivemos safra produzida com custos elevados na hora do plantio. Aqui no Rio Grande do Sul, apesar dos esforços do governador Eduardo Leite, precisamos resolver definitivamente o problema da irrigação. Apesar disso, colhemos mal e na hora de vender os preços em geral desabaram. O problema é muito complicado. O que me impressiona e entusiasma é justamente a capacidade e a resiliência do produtor rural, que não ficou apenas encerrado em seu Estado e um dia pegou sua mochila e o que tinha e subiu o Brasil. Agora temos uma vantagem, que é a nova fronteira agrícola na Metade Sul. A gauchada que subiu para o Norte do país construiu uma das grandes agriculturas do mundo. O Brasil hoje é a quarta agricultura do mundo, o maior exportador de alimentos do mundo, posição conquistada em apenas 26 anos, o que é uma epopeia não apenas de um agricultor, mas do povo brasileiro. Se conseguimos conquistar isso é porque temos homens de muita qualidade que escolheram trabalhar no campo. Nada há de nos impedir de ser a maior agricultura do mundo em 2035. Mas nem tudo são flores. Temos problemas e precisamos das políticas públicas e dos homens públicos. Não é a primeira crise nem será a última. Preços sobem e descem. Mas o produtor rural exige apenas uma coisa: segurança jurídica, direito de trabalhar, direito de propriedade. É simples o que pedimos. Estamos trabalhando com a CNA para abrir cada vez mais mercados, e o ministro Carlos Fávaro já entendeu. Se não abrirmos mais mercados, os nossos produtores irão morrer embaixo de montanhas de grãos e carnes. Esta é a nossa missão e caminhada. Deixo apenas uma pergunta: se não fosse o Brasil, os agricultores brasileiros, se não fosse o Brasil ter desenvolvido a primeira e única agricultura tropical desenvolvida da Terra, quanto valeria no mundo um quilo de carne bovina, suína, de frango, uma tonelada de soja e milho? Temos que olhar com muito carinho para o agricultor brasileiro. Porque nas mãos desses homens está a salvação da pátria brasileira.” 
Gedeão Pereira, presidente da Federação da Agricultura (Farsul)


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895