Tema central da Expointer, sustentabilidade foi discutida no Correio Rural Debates

Tema central da Expointer, sustentabilidade foi discutida no Correio Rural Debates

Segundo encontro do ciclo promovido na Casa Correio do Povo, na 45ª Expointer, confirmou tendência de aumento da produção sintonizado à conservação ambiental

Taís Teixeira

publicidade

No panorama atual, conforme muitos estudos técnicos, o desafio para o setor agropecuário é manter o aumento constante da produção, gerando segurança alimentar com sustentabilidade socioambiental. A demanda surge em meio às discussões por um modelo de desenvolvimento que seja capaz de conciliar crescimento econômico e conservação do meio ambiente, reduzindo as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). O tema “Sustentabilidade: qual é o papel do agronegócio" foi o segundo do ciclo Correio Rural Debates, apresentado nesta quarta-feira, na Casa Correio do Povo, durante a 45ª Expointer, em Esteio, e disponível no portal do Correio do Povo e redes sociais a partir das 12h. 

O marco regulatório da geração distribuída de energia foi sancionado em janeiro de 2022. Essa  medida pode favorecer a adoção da energia fotovoltaica. O diretor técnico da Emater-RS/Ascar, Alencar Rugeri, explicou o que falta para que essa alternativa de energia seja mais utilizada nas propriedades rurais. “Temos trabalhado como estratégia de independência do produtor. O Estado tem muitos exemplos dessa eficiência energética, como o avanço da irrigação calcada em cima da energia fotovoltaica”, explicou, reforçando que o produtor precisa de apropriar dessa alternativa seguindo o tripé formado pelos pelas ferramentas de gestão, profissionalismo e planejamento. 

Rugeri também elucida qual o potencial de utilização dos bioinsumos, em substituição ou complementação aos defensivos tradicionais, abrindo oportunidades para a expansão de práticas agrícolas sustentáveis, capazes de reduzir a dependência dos adubos e defensivos importados.“Eu tenho convicção  de que a aplicação de biosumos será a nova revolução na agricultura”, disse.  O dirigente ressaltou que os órgãos de controle devem participar desse processo. “Não podemos perder essa oportunidade e nem a credibilidade do nosso produtor por isso a implementação deve ser assertiva”.

O chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul, Fernando Flores Cardoso, contou que uma das técnicas desenvolvidas e apresentadas na feira é a que mede a emissão de gases de efeito estufa dos bovinos.“Desenvolvemos uma prova  na Embrapa Pecuária Sul em  Bagé com os reprodutores das raças  Angus, Charolês, Hereford e Braford  para ver quanto consomem em cochos eletrônicos automatizados e quanto convertem o alimento em ganho de peso”, disse. Cardoso esclareceu que a ferramenta de arreios adaptados para captar a respiração por cinco dias verifica qual a emissão de gases de efeito estufa , em especial de metano, nesse período.  O pesquisador afirma que dessa forma é possível identificar quais animais são altamente eficientes e produtivos, mas com menor emissão de metano, e multiplicar essa genética. 

Pecuária sustentável   

A Associação Brasileira de Angus lançou durante a Expointer o Manual Selo Angus Sustentabilidade, publicação disponível nas versões impressa e digital. A ideia é que, com o material em mãos, os produtores invistam cada vez mais nessas ações e, dessa forma, possam estampar em seu produto final o Selo Angus Sustentabilidade,  que começou a ser desenhado  em 2019 e faz parte do programa Carne Angus Certificada. A chancela, além de garantir maior valorização à carne, atende às novas exigências dos consumidores, que buscam saber a origem dos alimentos. “Dessa forma, o consumidor sabe que a Embrapa Pecuária Sul  é parceira da iniciativa da Angus, o que é muito bom", salienta a gerente nacional do programa carne certificada Angus, Ana Doralina Menezes. Segundo ela, o Selo Angus traz referência dos sistemas produtivos e das práticas sustentáveis. “Ele traz informações sobre todas as práticas da fazenda de critérios social, ambiental, biossegurança, sanidade, rastreabilidade e bem estar. Além disso, a parceria com a Embrapa permite a capacitação do produtor para que possa entender melhor e evoluir com mais conhecimento sobre sustentabilidade", complementa.

A presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (CREA/RS), Nanci Walter, sublinha que o papel da entidade não é apenas fiscalizatório, mas também de interação com a sociedade. “O gestor não se limita à função finalística de fiscalizar o desenvolvimento dos profissionais. É preciso  sair do gabinete e dialogar com os meios de comunicação e com outras entidades”, ampliou. Um dos aspectos que ela observa o crescimento  sustentável  é o uso da energia fotovoltaica. “Acontece com mais incidência o uso dessas placas na região sul do Estado, mas também estão presentes nas estruturas que abrigam os animais”

 O papel do plástico 

A analista de desenvolvimento de mercado da Braskem, Susanne Migliorini, explicou como o trabalho desenvolvido na Braskem proporciona soluções. “É uma empresa produtora de resinas termoplásticas que são compradas para aplicação final”, comenta. A especialista salientou que cabe à Braskem produzir  a resina. “O nosso papel é desenvolver a cadeia do agro levando para o produtor uma solução que resulte em mais produtividade, uso melhor de recursos, uso mais eficiente da água, oferecendo mais qualidade de vida e produtividade, com a perspectiva de sustentabilidade”, enfatiza.

A irrigação é um dos exemplos bem sucedidos dessa aplicação. “Quando se faz a irrigação de uma área, consegue-se produzir mais e na mesma área, sem devastar  outras áreas para produzir aquela mesma quantidade.E o caso da irrigação por gotejo, que que é uma solução que promove  também o uso consciente  da água porque a água é aplicada muito próximo da raiz da planta”, descreveu. O ciclo Correio Rural Debates termina nesta quinta-feira, com o tema "Conservação de Solos".

Assista ao debate completo no site.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895